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BC projeta para dezembro déficit de US$ 1,5 bi para o setor externo

Fabrício de Castro e Fernando Nakagawa

Brasília

21/12/2018 14h15

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, afirmou nesta sexta-feira, 21, que a estimativa da instituição para o mês de dezembro é de déficit em conta corrente de US$ 1,5 bilhão. Esta projeção leva em conta os dados obtidos até o dia 19 deste mês.

Mais cedo, o BC informou ainda que o déficit em transações correntes somou US$ 795 milhões em novembro - ficando abaixo do déficit de US$ 1,7 bilhão projetado pela instituição. Conforme Rocha, este déficit menor no mês passado pode ser atribuído ao desempenho da balança comercial, que registrou superávit de US$ 3,576 bilhões no mês passado.

Já o Investimento Direto no País (IDP) somou US$ 6,1 bilhões em dezembro até o dia 19. Com base neste movimento, o BC estima IDP de US$ 7,0 bilhões no consolidado do mês.

Rocha pontuou ainda, sobre o IDP, que o resultado de novembro, de US$ 10,274 bilhões, foi o melhor para o mês na série histórica do BC, iniciada em 1995. "Os montantes do IDP mostram valores sólidos e robustos", comentou Rocha.

Viagens internacionais

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central avaliou que houve redução no déficit na conta de serviços do balanço de pagamentos em função da rubrica de viagens internacionais.

Em novembro, o déficit na conta de serviços foi de US$ 2,711 bilhões, um valor 13% inferior ao déficit de US$ 3,124 bilhões de novembro do ano passado. No caso específico das viagens internacionais, o déficit líquido no mês passado foi de US$ 921 milhões, ante US$ 1,110 bilhão de novembro do ano passado.

Essas mudanças na conta de viagens estão ligadas ao movimento do câmbio. O dólar médio em novembro foi de R$ 3,79, citou Rocha, ante R$ 3,26 do mesmo mês do ano passado. "Foram 18,7% de desvalorização no câmbio, que encarece o total da despesa dos viajantes brasileiros ao exterior", disse Rocha.

Considerado as despesas brutas com viagens, houve redução de 13% em novembro ante novembro de 2017, em função do câmbio. De acordo com Rocha, a redução nas despesas líquidas em 12 meses com viagens vem ocorrendo há seis meses, desde maio. Nos 12 meses até novembro, as despesas líquidas com viagens somaram US$ 12,6 bilhões. Nos 12 meses até maio, elas estavam em US$ 13,8 bilhões. Na prática, houve queda de cerca de 9% no período.

"A despesa de viagens é bastante influenciada pelo câmbio, uma das variáveis mais difíceis de prever na economia", pontuou Rocha. "O que temos visto é que câmbio está mais desvalorizado este ano, que no ano passado."

Em dezembro, até o dia 19, as despesas líquidas com viagens internacionais somam US$ 583 milhões. O valor é resultado de receitas de US$ 284 milhões e despesas de US$ 866 milhões.

Pagamento de juros

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central informou que, em dezembro, até dia 19, a conta de juros do balanço de pagamentos indica pagamento líquido de US$ 1,393 bilhão. Já a conta de lucros e dividendos está positiva em US$ 213 milhões.

Rocha explicou que há diferenças entre os resultados de lucros e dividendos registrados no balanço de pagamentos e os dados do fluxo cambial, ligados ao mercado de câmbio. "No balanço, utilizamos como fonte de dados os contratos de câmbio a partir do evento 'liquidação', que é o dia em que a moeda entrou ou saiu. No mercado de câmbio, usamos a contratação do câmbio, porque é neste momento que se define a taxa", pontuou.

Em função disso, a rubrica de lucros e dividendos indica entrada levemente positiva em dezembro, até o dia, 19, enquanto o fluxo cambial total no mês, também até o dia 19, está negativa em US$ 7,911 bilhões.