Bolsa fecha ano com valorização de 15%
A expectativa de investidores com a possibilidade de o presidente eleito, Jair Bolsonaro, adotar uma agenda liberal e tirar a reforma da Previdência da gaveta é apontada como a principal responsável pelo avanço da Bolsa brasileira neste ano, segundo analistas.
Em 2019, porém, não será fácil manter a trajetória de alta, de acordo com a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. "A alta de 2018 foi baseada na promessa. Se a lição de casa não for feita em 2019, não vamos descolar de novo, até porque o mercado já antecipou (parte do resultado das reformas)", diz.
O economista Ricardo Peretti, estrategista do Santander, destaca que os investidores dificilmente devem se desfazer de suas ações no Brasil antes que haja uma sinalização do Congresso em relação à reforma previdenciária. "A expectativa é de aprovação. Isso não significa que eles não vão realizar (vender os papéis), mas que estão dando o benefício da dúvida."
Ainda de acordo com Peretti, investidores estrangeiros têm sinalizado que pretendem aguardar o primeiro semestre de 2019 pela tramitação da reforma. "Mas a paciência deles pode ser mais curta, dependendo da turbulência internacional", acrescenta.
O economista Eduardo Otero, sócio da Proseek, de educação no mercado financeiro, pondera que as tendências de manutenção da Selic (a taxa básica de juros) em patamar baixo e de recuperação econômica podem favorecer novos ganhos do Ibovespa nos próximos meses.
Anos anteriores. Apesar da alta, o desempenho do Ibovespa em 2018 foi inferior ao registrado nos últimos dois anos - em 2017 e 2016, o índice subiu 26,86% e 38,94%. Ainda assim, o resultado é considerado positivo, dado o cenário internacional mais complexo. A Bolsa de Shanghai, por exemplo, recuou 24,6% no ano. Nos EUA, os principais índices acionários caíram entre 4,6% e 7% no acumulado de 2018 - na segunda-feira ainda haverá uma última sessão. Quando se consideram os valores dos papéis brasileiros em dólares, o Ibovespa também teve um resultado melhor que os americanos, com queda de 1,79% no ano, segundo levantamento da Economática.
Para Peretti, do Santander, as quedas nos mercados emergentes estão mais relacionadas a problemas internos dos países do que ao aumento da taxa de juros nos Estados Unidos. No México, por exemplo, a eleição do presidente Andrés Manuel López Obrador, de esquerda, desanimou o mercado. Na China, além da desaceleração, pesou o envolvimento direto na guerra comercial.
O estrategista afirma ainda que, no caso americano, o recuo ocorreu sobretudo em dezembro, quando ganhou força a teoria de que os Estados Unidos poderão entrar em recessão dentro de 12 meses. "Mas esse cenário é incerto. Não estou convencido de que haverá recessão. Essa queda nas bolsas americanas parece um pouco exagerada."
Dólar. Ante o real, o dólar acumulou alta de 16,89% no ano, bem acima da alta de 1,95% registrada em 2017 e a maior variação desde 2015, quando a moeda americana disparou 49% em meio ao turbulento primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff e da expectativa do início da alta de juros nos Estados Unidos.
A moeda brasileira teve em 2018 o terceiro pior desempenho ante o dólar entre os principais países emergentes, atrás apenas da Argentina e da Turquia. No final da sessão de ontem, o dólar à vista terminou em queda de 0,36%, a R$ 3,8755. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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