Aprovação de reforma não deve vir antes do 2º sem, diz economista do Itaú
O economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, ex-diretor do Banco Central, não acredita que a aprovação da reforma da Previdência deve ocorrer antes do segundo semestre. O texto deve ser votado na Câmara em agosto e no Senado em setembro ou outubro, disse ele hoje durante evento do banco com a imprensa.
A proposta que vai ser enviada ao Congresso amanhã, por Jair Bolsonaro deve ser ambiciosa, com economia fiscal estimada da ordem de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) - R$ 1,05 trilhão em 10 anos, ressaltou Mesquita.
Este valor está acima do texto inicialmente proposto por Temer - que previa economia fiscal de 2,1% em 10 anos e, após a tramitação, caiu para 1,4%. Segundo o economista, é este porcentual que Bolsonaro deve conseguir com seu texto na aprovação, após as negociações com os parlamentares - o que dá economia da ordem de R$ 550 bilhões em 10 anos.
"Faz todo sentido começar com uma proposta mais ambiciosa", disse Mesquita, destacando que as medidas correm o risco de serem desidratadas durante a tramitação entre os parlamentares. O impacto da Previdência na confiança dos agentes, com reflexos tanto na atividade econômica como nos mercados, tende a ser mais positivo quanto mais profunda forem as medidas que mudam as regras da aposentadoria. Se Bolsonaro conseguir algo acima do 1,4%, melhor, destacou o economista.
Mesquita começou sua apresentação destacando que atividade no Brasil está em ritmo "bem moderado". "Temos uma economia que parece estar em compasso de espera para a aprovação das reformas", disse ele. O começo de 2019 tem sido mais modesto que o esperado, completou, citando fatores que contribuíram para este ritmo mais fraco: clima, carrego do ano passado e o cenário externo.
Recentemente o banco revisou para baixo a previsão de crescimento do país em 2019, para 2%. Para a Selic, a previsão é de estabilidade este ano. "O Banco Central não vai fazer nada nos juros antes de ter clareza das reformas", disse Mesquita. "Juros baixos são o novo normal", disse o economista do Itaú, Arthur Manoel Passos, destacando que estimativas indicam que o juro real neutro, aquele que não gera inflação, caiu para aproximadamente 3%.
Cenário externo
No cenário externo, o economista do Itaú destacou que as respostas de política econômica dos países desenvolvidos vêm gerando alívio para os emergentes. Na América Latina, o reflexo é que as condições externas permitem que os Bancos Centrais da região posterguem eventuais apertos monetários. "Não esperamos movimentos de juros no primeiro semestre." No segundo período do ano, a previsão do Itaú é de alta de juros no Chile, Colômbia e Peru.
Mesquita minimizou o risco de recessão nos Estados Unidos, por conta da perspectiva de menos altas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Na China, estímulos de Pequim para a atividade econômica e consolidação do acordo comercial com Washington devem estabilizar o Produto Interno Bruto (PIB), disse Mesquita. "Esperamos ver progresso nas negociações EUA/China ou postergação da data", disse o economista, se referindo ao dia 1º de março, data acertada entre os dois países para o fim da trégua tarifária.
A maior preocupação no exterior é com a Europa, onde a fraqueza no crescimento continua e há pouco espaço para respostas de política econômica, afirmou Mesquita.
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