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Tendência de alta da dívida continuará, pois ainda há déficits primários, diz BC

Fabrício de Castro

Brasília

29/03/2019 14h13

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, afirmou nesta sexta-feira, 29, durante apresentação das Estatísticas Fiscais de fevereiro, que a tendência de aumento da dívida pública vai continuar, porque ainda há déficits primários. Conforme o BC, a dívida bruta atingiu 77,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em fevereiro, enquanto a dívida líquida somou 54,4% do PIB.

Segundo Rocha, existem três fatores que influenciam a dívida. Primeiro, os juros que servem de indexador. "O que vai ocorrer com os juros daqui para frente, eu não sei. Vai depender do Comitê de Política Monetária (Copom)", pontuou Rocha, lembrando que a Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 6,50% ao ano, é um dos principais indexadores da dívida pública.

O segundo fator é a tendência de crescimento da dívida, em função dos recorrentes déficits fiscais. Nos 12 meses até fevereiro, o déficit primário acumulado pelo setor público está em R$ 105,818 bilhões. "A tendência de crescimento da dívida vai continuar, porque ainda temos déficits primários", disse Rocha.

O terceiro fator está ligado ao crescimento do PIB. Na prática, quanto maior o crescimento, menor a proporção da dívida.

Dívida líquida

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central afirmou que a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) permaneceu estável de janeiro para fevereiro, em 54,4% do Produto Interno Bruto (PIB), em função da depreciação cambial no período, de 2,4%.

"O déficit primário (de R$ 14,931 bilhões em fevereiro) foi contrabalançado pelos efeitos dessa depreciação cambial", explicou Rocha. "Com o câmbio estável, a dívida subiria."