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Para credora, leilão da Avianca pode levantar R$ 890 mi

Luciana Dyniewicz

São Paulo

08/04/2019 11h48

A gestora americana Elliott, detentora de 74% da dívida da Avianca, espera que o leilão dos ativos da companhia aérea levante US$ 230 milhões (R$ 890 milhões), segundo fontes envolvidas nas negociações. O valor é 65% maior que o fechado com a Latam e a Gol, que já se comprometeram a pagar, cada uma, US$ 70 milhões por um pacote que inclui aviões e autorizações de pousos e decolagens (slots) da empresa endividada.

Os ativos da Avianca serão divididos em sete UPIs (Unidades Produtivas Isoladas) - seis delas com slots e uma delas com o programa de fidelidade da companhia. A Latam e a Gol ficarão com uma dessas unidades cada uma, e o valor extra --US$ 90 milhões-- que a Elliott pretende arrecadar deverá vir do leilão das outras UPIs.

Não há uma data definida para o leilão --há expectativas de que possa acontecer no fim do mês--, mas ainda é necessário que a Justiça homologue o plano de recuperação da companhia. Caso alguma das UPIs não seja arrematada no certame, será preciso a realização de uma nova assembleia de credores para se definir como será feita a venda do restante.

Dos R$ 2,7 bilhões da dívida da Avianca, R$ 2 bilhões são da Elliott. Caso o valor mínimo (US$ 140 milhões, ou R$ 540 milhões) seja levantado no leilão, a gestora deve receber cerca de 10% dos seus créditos, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. Os trabalhadores terão direito a até 650 salários mínimos, com um limite total de R$ 7 milhões.

Frota

Com a assembleia de credores realizada na última sexta-feira, a Avianca perdeu a proteção que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) havia concedido, impedido que as donas dos aviões alugados pela companhia pedissem a reintegração de posse. A medida era válida até que a assembleia acontecesse.

Segundo fontes próximas à empresa, não está descartada a hipótese de que a Avianca tenha de devolver aviões nos próximos dias. A companhia não conseguiu chegar a um acordo com as arrendadoras das aeronaves para devolvê-las de forma coordenada e, diante do entrave, teve de anunciar a redução de sua malha aérea.

Além do embate com as arrendadoras, o processo de recuperação judicial da Avianca foi conturbado por causa da disputa das companhias aéreas pelos ativos da empresa.

Em março, a Azul anunciou que ficaria, por US$ 105 milhões, com a única UPI que seria formada contendo os slots e aviões. Havia uma pressão para que o negócio fosse concluído rapidamente, pois a Avianca está praticamente sem caixa. Para que ela continuasse operando, a Azul injetou US$ 13 milhões na empresa.

Na semana passada, no entanto, a Azul levou um revés: a Gol e a Latam fecharam diretamente com a Elliott um acordo para ficar com os ativos da Avianca. Foi aí que se decidiu fatiar a empresa em sete UPIs. Como Gol e Latam já têm uma participação de mercado elevado, se uma delas decidisse levar 100% da Avianca, a probabilidade de surgir um entrave no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) era elevada.

A briga gira em torno, principalmente, dos slots da Avianca no aeroporto de Congonhas. A Azul tem 5% de participação no terminal e essa presença reduzida é um dos limitadores para seu crescimento. Com a compra da Avianca, a empresa passaria a ter 13% dos slots de Congonhas - Latam e Gol têm mais de 40% cada uma.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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