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Oposição coloca em xeque isenção de Francischini no comando da CCJ

Idiana Tomazelli e Adriana Fernandes

Brasília

09/04/2019 17h08

A oposição questionou nesta tarde de terça-feira, 9, a isenção do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR), para levar adiante os trabalhos do colegiado. O estopim foi a permissão para que a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), e outros parlamentares da liderança do governo ocupassem assento à mesa.

A mesa da CCJ é composta apenas por Francischini e pela deputada Bia Kicis (PSL-DF), que exerce a vice-presidência, mas que não está presente à sessão. Assessores da comissão também ocupam assento à mesa.

A reclamação pela presença de Joice e do vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (MDB-RS), partiu da deputada Maria do Rosário (PT-RS) e logo se transformou num embate praticamente pessoal entre ela e Joice - uma prévia do antagonismo que deve ocorrer entre as duas e também Bia Kicis e Erika Kokay (PT-DF) no Congresso Nacional.

Enquanto a deputada petista reclamava, Joice estendeu o braço para que Maria do Rosário viesse ocupar uma cadeira à mesa também, assim como ela. "Não me sinto contemplada", avisou a petista.

Maria do Rosário continuou reclamando e Joice sacou o celular e começou a gravar a petista, o que intensificou o bate-boca. A petista disse que Joice "não tem noção do que é decoro" e disse que vai levar a questão ao Conselho de Ética.

Francischini tentou intervir, disse que a mesa estava à disposição de qualquer deputado, fosse da oposição, do governo ou independente. Erika Kokay engrossou as reclamações da correligionária e acusou Joice de não ser membro da CCJ. "Vamos dar uma acalmada", pediu o presidente da CCJ.

Maria do Rosário voltou à carga, questionou Francischini se havia sido gravada e o advertiu: "O senhor não pode mentir". O presidente da CCJ argumentou que essa era uma questão pessoal. "Se for questão de decisão, autorizo qualquer deputado a usar seu celular", disse Francischini. Ele ainda reagiu aos gritos da petista gaúcha dizendo que o "conselho de ética está à disposição".

Após ser criticado por perder o controle da situação na audiência pública com o ministro da Economia, Paulo Guedes, Francischini disse ainda que no século 21 "não se ganha mais nada pelo grito".

Maria do Rosário, por sua vez, disparou contra Francischini. "Um presidente (da comissão) precisa se comportar com altivez do regimento", disse. Ela ainda resgatou a cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. "Quando Eduardo Cunha mentiu, ele foi punido e cassado", lembrou a petista.

Ela ainda questionou Francischini se ele aceitaria "estar em página de fake news", alegando que Joice poderia usar suas imagens de forma deturpada, e perguntou diretamente à líder se havia sido gravada, sem obter resposta. Até o momento, Joice continua com assento à mesa da CCJ.