Fitch: Inércia em avançar com reformas pode levar a ação negativa no rating
O diretor executivo da Fitch Ratings, Rafael Guedes, disse nesta quarta-feira, 17, que a agência de classificação de risco pode fazer uma "ação negativa" no rating soberano do Brasil, seja uma redução da nota ou uma mudança na perspectiva da avaliação, caso o governo de Jair Bolsonaro mostre "inércia ou inabilidade ou falta de vontade" para avançar na aprovação das reformas.
"A Fitch vai monitorar a vontade política e a capacidade de se passar estas reformas", disse o executivo em conferência da agência de classificação de risco sobre o Brasil na capital paulista. Entre os pontos, Guedes destacou que os analistas vão avaliar se o governo avança em medidas como a independência do Banco Central e a melhora do ambiente de negócios, que faça o Brasil voltar a crescer de forma mais sustentável.
"O que seria positivo para o rating do Brasil? Uma melhora do ambiente que facilite a aprovação das reformas que endereçassem o problema da sustentabilidade da dívida", disse o executivo. Guedes ressaltou que é essencial no Brasil uma consolidação fiscal que mostre melhora do endividamento ao longo do tempo e crie nos agentes uma perspectiva de crescimento sustentável.
Entre os riscos para o cenário, Guedes observou que as investigações de corrupção podem atrasar o processo de tramitação das reformas, incluindo a da Previdência. "Todas as reformas são desafiadoras e a sociedade brasileira demonstra que não quer enfrentar este problema", disse ele, citando recentes pesquisas de opinião que mostram baixa aprovação para as privatizações e as mudanças previdenciárias. "Isso tem um certo eco no Congresso, mesmo que o Congresso esteja claramente ciente da necessidade das reformas."
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