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Governadores têm que 'calçar sandália da humildade', diz Marcelo Ramos

Idiana Tomazelli

Brasília

06/06/2019 13h30

O presidente da Comissão Especial da reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), disse nesta quinta-feira (6) que os governadores precisam "calçar sandália da humildade" para pedir para que os parlamentares mantenham estados e municípios na proposta. A "sandália da humildade" foi um quadro do programa de humor Pânico na TV no qual um par de sandálias era entregue a personalidades que criticavam ou se recusavam a falar com os integrantes do humorístico.

Ramos também rebateu críticas do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que classificou na quarta-feira (5) de "eleitoral" a atitude dos congressistas que querem excluir os governos regionais da proposta.

"Ele (Doria) quando era prefeito encaminhou uma reforma da Previdência, o povo pressionou e ele retirou. Isso, sim, é eleitoreiro. Ele retirou porque era candidato a governador", disparou Ramos.

O presidente da comissão concedeu uma entrevista coletiva nesta quinta para fazer um balanço das audiências realizadas pelo colegiado. Ele evitou dizer se apoia ou não a permanência de estados e municípios no texto e disse que prefere aguardar o parecer do relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Mas avisou que os governadores precisam baixar a guarda.

"Os governadores têm que fazer sabe o quê? Calçar a sandália da humildade. Calçar a sandalinha da humildade e vir pra cá e dizer 'olha, nós não temos coragem de fazer (a reforma), queremos pedir aos deputados que façam por nós'. É isso que eles têm que dizer, humildezinhos. Eles não têm que chegar aqui dando ordem", disse Ramos.

Na quarta, governadores pediram ao relator que aguarde até terça-feira (11) para dar uma posição final sobre o tema. Nesse dia, os governadores se reúnem em Brasília para discutir o tema e há a expectativa de se extrair uma posição mais firme do grupo em defesa da permanência dos estados na proposta.

O presidente da comissão afirmou que cabe apenas ao relator decidir se aguarda ou não esse posicionamento. Mas ele aproveitou a deixa para fazer um "desagravo" aos deputados.

"Aproveito para, na condição de presidente da comissão da reforma da Previdência, desagravar os deputados em relação à declaração agressiva, atrapalhada e desrespeitosa do governador João Doria ontem. Ele deu declaração dizendo que deputados que são contra a inclusão de estados e municípios na reforma são mesquinhos, personalistas, irresponsáveis do ponto de vista fiscal e eleitoreiros. Eleitoreiro é quem não tem coragem de enfrentar essa pauta em seus estados e em suas assembleias e empurra o problema para a Câmara dos Deputados", afirmou Ramos.

Após rebater a crítica, o deputado foi aplaudido por parlamentares que estavam presentes na coletiva de imprensa.

Ramos avisou ainda que mesmo a alternativa de prever que estados e municípios precisam validar sua adesão à reforma por meio de aprovação de lei ordinária nos Legislativos locais tem resistência entre lideranças na Câmara. Segundo ele, muitos defendem a opção "sem porta de entrada e sem porta de saída".

O presidente reconheceu, no entanto, que deputados podem se sensibilizar ao argumento de prefeituras pequenas, que alegam não ter recursos técnicos e financeiros para elaborar uma proposta de reforma local.

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