Softbank reduzirá ritmo de aportes no Brasil em 2020
Segundo o executivo, já foram realizados 19 investimentos pelo fundo latino do SoftBank, mas apenas 14 deles foram revelados no mercado. "Aportamos entre R$ 6 bi e R$ 10 bi até agora", disse Maciel em evento realizado pela empresa ontem, em São Paulo. É apenas uma fração dos US$ 5 bi que a empresa destinou para seu fundo latino, revelado ao mercado em março.
Segundo o executivo, há recursos destinados para novos aportes em startups que já fazem parte do portfólio do fundo (prática conhecida como follow-on no mercado). "É o melhor tipo de investimento, porque normalmente significa que as empresas já têm modelo provado e só precisam de mais capital", afirmou. De acordo com Maciel, o SoftBank já analisou mais de 300 empresas no mercado latino. Destas, 15 chegaram a uma análise mais profunda (due dilligence, no jargão do mercado), mas não chegaram a fechar um acordo com o grupo japonês.
Durante o evento, Maciel admitiu que "já realizamos nossos aportes mais óbvios, mas não fizemos ainda nossos maiores cheques." "Ainda não sabemos como será o portfólio, porque temos cinco anos para investir. Esperamos mortalidade de algumas empresas, o que é natural, mas vamos manter o ritmo de investimentos", afirmou.
Segundo ele, a empresa costuma entrar com até um terço das rodadas em que participa, realizando cheques entre US$ 7 mi e US$ 350 mi para as startups. A maior rodada da qual o SoftBank participou foi a de US$ 1 bilhão na startup colombiana Rappi, realizada em abril deste ano. Além dela, o grupo já investiu nas brasileiras Loggi, Creditas, QuintoAndar, Gympass, Buser, Olist, Vtex, MadeiraMadeira, Volanty e Banco Inter, bem como nas mexicanas Clippy e Konfío e na fintech argentina Ualá.
Dificuldades
Se na América Latina o clima do SoftBank é de otimismo, com investimentos nas startups da região, o mesmo não se pode dizer do que acontece no mundo - recentemente, o grupo japonês teve de desempenhar US$ 10 bilhões para socorrer a operação do WeWork, que entrou numa crise após seu prospecto de abertura de capital não ser aceito pelo mercado.
Líder do fundo latino do SoftBank, Marcelo Claure teve de assumir a presidência do conselho da startup de escritórios compartilhados após a crise. "Ele tem um monte de trabalho, passa três ou quatro dias em Nova York só nisso", disse Maciel. Mas o líder brasileiro do SoftBank não vê a empresa desanimando após o tropeço. "O We Work é um dos maiores desafios que nós temos atualmente, houve erros e lições a serem aprendidas. Mas na média, o empreendedor vai sempre contra as normas."
De acordo com o executivo, outro desafio que a companhia precisa superar é a falta de desenvolvedores e programadores experientes no Brasil. "Conseguimos encontrar profissionais iniciantes, mas falta quem suporte a construção de arquitetura de tecnologia de uma empresa", comentou Maciel. Também presente no evento, o presidente executivo da Gympass no Brasil, Leandro Caldeira, concordou: "criamos nosso hub de inteligência artificial em Nova York por conta disso". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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