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Presidente da Petrobras: Não recebi pedido, pressão ou sugestão para baixar preço

Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, durante evento no Rio de Janeiro em dezembro de 2019 - REUTERS/Sergio Moraes
Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, durante evento no Rio de Janeiro em dezembro de 2019 Imagem: REUTERS/Sergio Moraes

Anne Warth

06/01/2020 20h21

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse não ter sido pressionado pelo governo para reduzir o preço dos combustíveis. Ele participou de reunião na sede do Ministério de Minas e Energia com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Bento Albuquerque.

"Recebi manifestações do presidente e ministro de total respeito à lei", disse ele, em referência à política de liberdade de preços. "Não recebi pedido, pressão ou sugestão para baixar preços. Existe liberdade total na prática para preço de qualquer derivado de petróleo."

O esclarecimento de Castello Branco ocorre devido ao domínio da Petrobras no mercado de refino e, consequentemente, sua forte influência nos preços dos combustíveis praticados no País. A companhia detém mais de 90% das refinarias do País e, após um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), colocou à venda vários desses ativos justamente para sair dessa posição sem pagar multas.

"Estamos desinvestindo 50% do parque de refino de petróleo. Esse processo está em movimento", afirmou. Segundo ele, a companhia recebeu propostas não vinculantes por quatro refinarias no Pernambuco, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul em novembro e, mais recentemente, por uma em Minas Gerais. "Passamos para a fase de propostas vinculantes no início de março", afirmou.

Além disso, segundo ele, a Petrobras deve receber propostas não vinculantes sobre outras três refinarias menores nas próximas semanas. "Ao longo de 2020, teremos completado boa parte do processo de venda dessas refinarias", disse Castello Branco. "Em 2021, teremos 49% do refino no Brasil, sem capacidade de formar preços. Novos refinadores terão estímulos para investimentos."

Ainda sobre a crise iniciada na semana passada - com o ataque norte-americano ao aeroporto de Bagdá, que resultou na morte do general iraniano Qasem Soleimani -, Castello Branco disse ser improvável que uma crise política se torne uma crise econômica.

Segundo ele, grande parte do polo de produção de petróleo está fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), formada majoritariamente por países do Oriente Médio.

Ele destacou que os Estados Unidos são grandes produtores de 'shale gas' e possuem um mercado que reage rapidamente a preços. "Isso desarma possibilidade de que preço elevado se mantenha por período longo", disse. Ainda segundo ele, o baixo ritmo de crescimento da economia mundial previsto para este ano deve ajudar a conter os preços da commodity.