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'Adesão do Brasil deve se dar no governo Bolsonaro'

Marcos Troyjo, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais - Keiny Andrade/Folhapress
Marcos Troyjo, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais Imagem: Keiny Andrade/Folhapress

Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli

Brasília

16/01/2020 07h01

O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, prevê em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo/Broadcast, concluir a adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ainda na primeira administração do governo Jair Bolsonaro. Troyjo diz ainda que a inflexão política na Argentina ajudou a acelerar o processo de apoio dos americanos à candidatura brasileira. A seguir, os principais trechos da entrevista.

O que mudou do fim do ano para cá após os EUA terem colocado a Argentina na frente na lista de apoio à adesão na OCDE?

Quando houve o momento de aproximação estratégica dos presidentes Bolsonaro e Trump, a Argentina já era candidata. É natural que tenha um critério cronológico. No momento em que a Argentina tem uma inflexão e todas as suas sinalizações de política pública parecem se afastar dos princípios que são preconizados pela OCDE, é natural que a maior economia da OCDE tenha de priorizar outro candidato, que no caso é o Brasil.

Qual é o caminho agora?

É uma mistura de coordenação com os países-membros. Muitos deles já endossaram formalmente seu apoio ao Brasil: Japão, Alemanha, Reino Unido, etc. Acelerar as reformas ainda mais, e aí é um processo natural.

Quando tempo levará esse processo?

No âmbito dessa primeira administração Jair Bolsonaro.

O que representa a decisão dos EUA de formalizarem o apoio à adesão do Brasil à OCDE?

É um processo muito importante de acessão do Brasil à OCDE. Entrar na OCDE é igual a ficar sócio de um clube. Você tem de apresentar uma documentação, mas você não pode levar um não dos sócios. Havia a resistência de alguns países, e essa visão do presidente Bolsonaro de reconstruir uma aliança com os EUA. São as duas maiores democracias do Ocidente e economias da América. Deveriam ter um intercâmbio comercial muito maior. Os americanos estavam jogando com um critério cronológico. Transcorreu-se um período de ciclo eleitoral na Argentina e isso permitiu agora o apoio ao Brasil.

A Argentina estava na frente. E teve toda a polêmica com o fato de o Brasil ter aberto mão do tratamento especial na OMC...

A crítica que se fez no 2.º semestre de 2019 me parece mal findada porque de um lado os EUA nunca deixaram de apoiar o Brasil, e mais uma vez entrar na OCDE é um processo. É mais parecido com um rali do que com uma prova de tiro de curta distância. Você ganha no final se cumprir todas as etapas. Em relação à OMC, se esse tratamento especial e diferenciado fosse tão importante, por que não somos uma potência comercial?

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.