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Pacote do governo planeja injeção de R$ 147,3 bilhões contra coronavírus

Idiana Tomazelli / Anne Warth / Amanda Pupo

BRASÍLIA

17/03/2020 07h01

Cobrado a dar uma resposta mais efetiva no enfrentamento ao coronavírus, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou ontem um pacote de R$ 147,3 bilhões em medidas emergenciais para socorrer setores da economia e cidadãos mais vulneráveis. Algumas iniciativas poderão ser implementadas de forma imediata pelo Executivo, mas R$ 60,3 bilhões dependem do aval do Congresso Nacional, incluindo um repasse extra para tentar pôr fim à fila do programa Bolsa Família.

O anúncio foi feito após o presidente Jair Bolsonaro ter ido à sede do Ministério da Economia, acompanhado de um representante do setor de bares e restaurantes, para discutir as ações adotadas pelo ministro no combate aos efeitos da crise.

A equipe de Guedes focou em medidas que afetam o fluxo de caixa, mas não têm impacto fiscal no saldo final do ano de 2020. Muitas das ações apenas suspenderão temporariamente o pagamento de tributos pelas empresas, mas elas terão de quitar o passivo ainda este ano, em formato ainda a ser definido. Outras significam antecipação de despesas, como é o caso da primeira e da segunda parcela do 13º de aposentados e pensionistas do INSS e dos pagamentos do abono salarial previstos para 2020.

Ao apresentar as medidas, o ministro buscou se defender das cobranças nos últimos dias e afirmou que o País não pode se entregar "à psicologia do pânico, ao derrotismo". "Não podemos entrar em psicologia de que não há o que fazer, um cobrando do outro", afirmou, sem citar nomes. Ele ainda ressaltou que se trata de um pacote inicial e sinalizou com novos anúncios nos próximos dias. Ainda estão em discussão suspensão temporária de tributos para empresas aéreas e medidas adicionais para os setor de turismo.

Isolamento

O ministro chegou a sugerir que os jovens circulem e que apenas os idosos, mais vulneráveis ao coronavírus, fiquem isolados. "Se ficar todo mundo em casa, o Produto (Interno Bruto) colapsa", disse. Depois, ele afirmou que a melhor orientação cabe ao Ministério da Saúde.

Do valor anunciado pela Economia, R$ 83,4 bilhões devem ser destinados à população mais pobre e idosa. Outros R$ 59,4 bilhões serão aplicados na manutenção de empregos. A ideia é que esses valores sejam injetados na economia nos próximos três meses. A lista inclui medidas que já foram anunciadas desde a semana passada e novas iniciativas divulgadas nesta segunda.

Entre as novas ações estão a antecipação da segunda parcela do 13º de aposentados e pensionistas do INSS para maio, com liberação de mais R$ 23 bilhões. Na semana passada, o governo já tinha anunciado a antecipação da primeira parcela do 13º para aposentados e pensionistas para abril. Ou seja, ao todo, serão injetados R$ 46 bilhões na economia. Pelo cronograma tradicional, essas parcelas seriam pagas em agosto e dezembro.

O governo também decidiu antecipar para junho a parcela do abono salarial que seria paga entre julho e dezembro deste ano, com injeção de R$ 12,8 bilhões.

Como antecipou o Estadão/Broadcast, o governo informou que vai liberar cerca de R$ 3,1 bilhões para o Bolsa Família. O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, divulgou em sua conta no Twitter que 1,2 milhão de famílias serão beneficiadas com a inclusão no programa. A equipe econômica anunciou que o recurso deve praticamente zerar a fila. Mas em dezembro do ano passado, como mostrou a reportagem, 3,6 milhões de famílias estavam em situação de pobreza e extrema pobreza, mas não recebiam o benefício. O governo não detalhou se haverá mudança nos critérios de renda para a adesão.

O governo também vai transferir R$ 21,5 bilhões parados no Fundo PIS/Pasep, que tem depósitos feitos até outubro de 1988 nas contas de trabalhadores, para o FGTS e, assim, promover uma nova rodada de saques do fundo de garantia. O público-alvo e o valor ainda estão sendo definidos pela equipe econômica. A ideia é que o saque seja feito em maio. "Anunciaremos no devido momento o valor do saque do FGTS a ser permitido", informou o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues. Antes dele, Guedes , havia dito que o governo gostaria de liberar para saques até o limite do teto do INSS, hoje em R$ 6.101,06./ COLABOROU ADRIANA FERNANDES

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.