Juro no crédito livre sobe a 34,1% em fevereiro; cheque especial cai a 130,0%
Os dados apresentados nesta sexta pelo BC têm como referência o mês de fevereiro - quando os efeitos do novo coronavírus na economia brasileira estavam apenas começando. A tendência é de que os impactos da pandemia sobre o crédito comecem a ser verificados com maior clareza nas estatísticas a serem divulgadas no próximo mês.
Para pessoa física, a taxa média de juros no crédito livre passou de 45,6% para 46,7% ao ano de janeiro para fevereiro, enquanto para pessoa jurídica foi de 17,6% para 17,0% ao ano.
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 141,0% ao ano para 130,0% ao ano de janeiro para fevereiro. No crédito pessoal, a taxa passou de 39,3% para 40,2% ao ano.
Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. A expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor.
Em função da ineficácia da autorregulação da Febraban, o BC anunciou a limitação dos juros do cheque especial em 8% ao mês (151,82% ao ano). A nova regra começou a valer em 6 de janeiro.
Além da limitação do juro, os dados desta sexta refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juros no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.
Os dados divulgados pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 19,7% ao ano em janeiro para 19,4% em fevereiro.
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 23,1% ao ano em janeiro para 23,0% ao ano em fevereiro. Em fevereiro de 2019, estava em 24,7%.
ICC
Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,1 ponto porcentual em fevereiro ante janeiro, aos 20,3% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.
Spread
O spread bancário médio no crédito livre passou de 28,3 pontos porcentuais em janeiro para 28,9 pontos porcentuais em fevereiro, informou o Banco Central.
O spread médio da pessoa física no crédito livre foi de 40,0 para 41,3 pontos porcentuais no período. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 12,6 para 12,0 pontos porcentuais.
O spread médio do crédito direcionado foi de 4,4 para 4,2 pontos porcentuais na passagem de janeiro para fevereiro.
Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 18,4 para 18,5 pontos porcentuais no período.
Concessões
As concessões de crédito subiram 2,5% em fevereiro ante janeiro na série dessazonalizada, informou o Banco Central. No caso de pessoas físicas, essas concessões subiram 0,2% e, no das empresas, avançaram 4,4%.
Inadimplência
A taxa de inadimplência no crédito livre permaneceu em 3,8% na passagem de janeiro para fevereiro, informou o Banco Central. Em fevereiro de 2019, a taxa estava em 3,9%.
Para pessoa física, a taxa de inadimplência foi de 4,9% para 5,1%. Para as empresas, a taxa seguiu em 2,3%.
A inadimplência do crédito direcionado seguiu em 1,9% na passagem de janeiro para fevereiro.
Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência permaneceu em 3,0%.
Endividamento
O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro ficou em 45,2% em janeiro, ante 44,9% em dezembro, informou o Banco Central. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 26,5% em janeiro, ante 26,2% em dezembro.
O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses. Além disso, incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.
Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) permaneceu em 20,0% em janeiro, mesmo patamar de dezembro (revisado). Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 17,7% em janeiro, como em dezembro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.