Comércio global deve cair entre 13% e 32% por conta do coronavírus, diz OMC
Segundo o documento, as regiões mais afetadas pelo declínio nas exportações serão a América do Norte, com contração entre 17,1% e 40,9%, e Ásia, com recuo de 13,5% a 36,2%.
Na América Latina, o recuo deverá variar de 12,9% a 32,8%.
A OMC também ressalta que setores com cadeias produtivas mais complexas serão mais fortemente atingidos, entre eles o de produtos eletrônicos e o automobilístico. Na avaliação da Organização, o comércio de serviços será impactado por meio de restrições de transporte e de viagens.
O documento destaca ainda que a recuperação deve ocorrer em 2021, embora pondere que as estimativas são incertas, podendo variar de avanço de 21,3% a 24%.
De acordo com a análise, a retomada rápida acontecerá se empresas e consumidores interpretarem os efeitos da covid-19 como temporários. "Os números são ruins - não tem como fugir disso. Mas uma rápida e vigorosa recuperação é possível", disse o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo.
Em coletiva de imprensa virtual, Azevêdo afirmou que em um ou dois anos será possível retornar aos níveis econômicos anteriores à pandemia, dependendo das ações de cada governo.
Ele salientou que as medidas de estímulos fiscais e monetárias, anunciadas por vários países, deve ajudar no processo. "Não temos assimetrias ou problemas com fundamentos da economia global. Essa é uma crise na saúde, que causa choques na oferta e na demanda", explicou.
2019
Azevedo afirmou que o mundo já estava registrando uma queda no comércio antes da pandemia de coronavírus, por conta das tensões comerciais e da desaceleração econômica. Em relatório divulgado nesta quarta, a entidade revelou que o volume de comércio global contraiu 0,1% em 2019 e deve despencar de 13% a 32% em 2020.
Segundo o documento, o valor total das exportações caiu 3% no ano passado, a US$ 18,89 trilhões. Na contramão, o valor do comércio de serviços subiu 2%, a US$ 6,03 trilhões, expansão mais tímida do que a registrada de 2018, quando houve avanço de 9%.
Na entrevista coletiva virtual, Azevêdo destacou que nenhum país vai ficar imune à crise provocada pelo coronavírus. Ele exortou a comunidade internacional a ajudar os países em desenvolvimento. "Países fortemente endividados merecem atenção, porque terão desafios em duas frentes: o sistema de saúde deles não é tão robusto e o desemprego vai subir consideravelmente", disse.
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