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Fipecafi/Garcia: Deflação em abril afetará investimentos atrelados ao IPCA

Francisco Carlos de Assis

07/05/2020 21h21

Os investimentos atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) começarão a render menos com a desaceleração da inflação, prevê o especialista da Fipecafi, instituição ligada à FEA-USP, Estevão Garcia. Para ele, o índice de abril, que será divulgado amanhã, sexta-feira, 8, deverá mostrar uma queda de 0,20%, a primeira deflação de 2020.

Levantamento feito pelo Projeções Broadcast com 49 instituições aponta para uma deflação de 0,47% a 0,12%.

"Os menos afetados serão os fundos de investimentos creditórios, que pagam melhor, os fundos atrelados à variação cambial, onde o dólar bate recorde diário, os fundos ligados às ações, as aquisições indiretas na bolsa e os fundos de investimento imobiliário", ressalta o especialista da Fipecafi.

Do ponto de vista setorial, Garcia ressalta que os principais segmentos afetados pela deflação serão: transportes, por causa da forte queda nos preços dos combustíveis, os objetos de residência e roupas, já que não há vendas, apenas estoques e, também, todos os produtos de necessidade básica.

Em contrapartida, os alimentos que sofrem com o aumento do dólar são as commodities. "O poder de compra do consumidor tende a aumentar, porém temos a questão do crescimento do desemprego e, também, o fato de que as empresas estão cortando temporariamente parte do salário, entre outros fatores que influenciam neste sentido", alerta.

Para Garcia, a deflação é a clara comprovação do desaquecimento da economia pro causa da covid-19. De acordo com ele, a deflação de abril será boa para o consumidor, mas negativo para as empresas.

"As pessoas jurídicas deverão renegociar dívidas, conversar com seus fornecedores para diminuir os valores e tentar retornar às atividades para um possível reajuste. É um momento em que o governo deve até pensar em desoneração de impostos", diz o especialista da Fipecafi.

O índice, quando comparado entre dois períodos, mostra o começo dos reflexos negativos da covid-19. Em março de 2019, o resultado foi de 0,75%, agora, no mesmo mês, sendo referente ao último resultado, o número teve uma queda notável de 0,07%, que ainda assim não acarretou em deflação. Hoje, o acumulado nos últimos 12 meses seria de 3,30%, como projetado, mas devido à covid-19, a tendência anual é que caia no curto prazo, atingindo 2%.