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Guedes retira Rogério Marinho de Conselho Fiscal do Sesc

Ministro Paulo Guedes e seu então secretário especial de Previdência, Rogério Marinho - Adriano Machado/Reuters
Ministro Paulo Guedes e seu então secretário especial de Previdência, Rogério Marinho Imagem: Adriano Machado/Reuters

Luci Ribeiro

Brasília

15/10/2020 15h15

O ministro da Economia, Paulo Guedes, decidiu dispensar o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, da função de membro titular, como representante da pasta, no Conselho Fiscal do Serviço Social do Comércio (Sesc). Para atuar no posto, os ocupantes dessas vagas têm direito a uma remuneração adicional, de aproximados R$ 21 mil, além do próprio salário.

A decisão consta de portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 15. No mesmo ato, Guedes designou o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, para ocupar o lugar de Marinho no colegiado do Sesc.

Antes de ser ministro, Marinho era um dos principais secretários de Guedes e teve papel de destaque na articulação com o Congresso em prol da aprovação da Reforma da Previdência ano passado. Hoje, Marinho é um dos ministros mais próximos do presidente Jair Bolsonaro.

Nos últimos meses, no entanto, Guedes e Marinho têm tido desentendimentos públicos, sobretudo em torno da política de investimentos do governo federal. Guedes defende freio nos gastos enquanto Marinho quer mais dinheiro para obras Brasil afora. O ministro da Economia já chamou o ex-auxiliar de "ministro fura teto", numa referência ao Teto de Gastos, regra que limita o crescimento das despesas do Orçamento da União à inflação.

No início do mês, as divergências entre Marinho e o chefe da Economia também alcançaram o Renda Cidadã, o programa social que o presidente Bolsonaro quer criar depois do fim do auxílio emergencial concedido durante a pandemia da covid-19 e que deve substituir o Bolsa Família.

Como antecipou o Broadcast/Estadão, a declaração de Marinho para economistas do mercado financeiro de que o programa Renda Cidadã sairá de "qualquer jeito" foi mal recebida por Guedes. Marinho disse em um call fechado da Ativa Investimentos no último dia 2 que é preciso encontrar uma forma de viabilizar o programa, ainda que isso signifique flexibilizar o Teto de Gastos.

"A gente está tentando fazer da melhor forma possível. Estamos tentando manter o teto, mas há pressão para flexibilização", teria dito o ministro. Marinho relatou no encontro a insatisfação do relator da proposta, senador Márcio Bittar (MDB-AC), com a crítica de Guedes ao uso de parte do dinheiro do precatórios para o Renda Cidadã. Marinho disse que a ideia foi de Guedes.

Depois da fala, o titular da Economia voltou a chamar Marinho de traidor e deu um alerta à ala política do governo. "Se a doença vier (numa segunda onda), vamos furar teto. Mas não vamos furar o teto para fazer política", avisou. "Não acredito que Marinho falou mal de mim. Se falou mal, isso mostra que ele, em primeiro lugar, é despreparado, além de desleal e fura teto", disse Guedes no dia 2.

De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada ontem, Marinho é um dos ministros que mais acumulavam gratificações. Sem a remuneração extra de R$ 21 mil por atuar no conselho do Sesc, o ministro ficará com o salário de R$ 30,9 mil.