BNDES quer estimular emissão de debêntures sustentáveis
"É um começo, um direcionamento, um impulso; e o banco assume certa vanguarda, porque dará o diferencial já de partida de preço, oferece uma redução de taxa para demonstrar que tem convicção de que esse é um mercado que pode se desenvolver e compor mais uma fonte de financiamento no Brasil", disse Carla, durante participação no painel "Mercado financeiro e retomada verde", no Brazil Windpower, evento voltado para profissionais do segmento de energia eólica.
Ela disse considerar que o segmento eólico pode ser um desbravador no tema da retomada econômica com sustentabilidade, com projetos que levem em conta não somente a questão econômica e ambiental, mas também os benefícios sociais, tendo em vista que muitas usinas eólicas são construídas em áreas de baixo dinamismo econômico.
A superintendente salientou, no entanto, que para esse novo produto, a transparência e rastreabilidade serão muito importantes e, por isso, será necessária uma certificação ou segunda opinião, "para que o banco possa oferecer uma governança e transparência com relação a investimento", explicou.
Carla salientou que o novo produto também visa convencer outros investidores de que a agenda de sustentabilidade social é possível e factível. Conforme explicou, o banco vem trabalhando em iniciativas de co-financiamento e sindicalização , com maior proximidade com instituições multilaterais. "Temos testado muitos modelos e produtos, mas acreditamos em composição. A necessidade de investimento é tão grande que é necessário que embarquemos outros financiadores nas nossas convicções", disse.
Além das debêntures sustentáveis, a intenção do BNDES também é induzir investidores a apoiar projetos com estratégias de comercialização mais voltadas para o mercado livre. No ano passado, o banco adotou um preço de suporte para a energia livre não atrelada a contratos de longo prazo, facilitando a estruturação de financiamento de projetos de geração voltados 100% para o mercado livre, o que, em muitos casos, significa que nem toda a futura produção de energia está comercializada pelo prazo do financiamento. Mas, segundo Carla, até agora não foi emitida nenhuma debênture de infraestrutura para projeto grande com estratégia de comercialização que não esteja atrelada a contratos de longo prazo.
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