Santander vê lucro subir, mas risco de calote nos próximos meses preocupa
No entanto, analistas de mercado ponderam que a recuperação da economia depois do baque da pandemia de covid-19 é incerta e que o resultado positivo pode não ser sustentável daqui em diante. Uma das questões que assombram o Santander, e todos os bancos, são as dívidas que tiveram pagamentos prorrogados no início da pandemia e que agora começam a vencer.
O vice-presidente executivo do banco, Angel Santodomingo, admitiu ontem, depois da divulgação dos resultados, que poderá haver uma pressão nos indicadores de inadimplência do banco. Essa carteira de títulos prorrogados do banco hoje tem um índice de atrasos acima de 90 dias de 5,1%. Santodomingo evitou classificar a situação como um problema, porém: "Temos conforto."
O banco informou que não precisou recorrer aos R$ 3,2 bilhões de provisões extraordinárias feitas no segundo trimestre para fazer frente à inadimplência prevista em decorrência da crise trazida pela pandemia de covid-19. "Não tivemos de lançar mão do provisionamento (...), o que demonstra nossa capacidade de gestão de risco", disse presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, em nota divulgada ontem.
Carteira de crédito
A carteira de crédito teve expansão de 3,8% no terceiro trimestre, em relação aos três meses imediatamente anteriores, para R$ 397,4 bilhões. "A carteira está se comportando de maneira natural e tendo um desempenho até melhor que o esperado. Por isso não esperamos ter mais provisões extraordinárias", afirmou Santodomingo.
As pequenas e médias empresas foram as que mais apresentaram crescimento na carteira de crédito do Santander Brasil no período, com avanço 40,5% sobre o ano passado. Em 12 meses, também houve forte alta entre as grandes empresas (33,5%), enquanto para as pessoas físicas o avanço foi mais discreto (11.6%).
As despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) do Santander Brasil caíram 55,4% no terceiro trimestre, em relação ao trimestre anterior, para R$ 2,9 bilhões. Em relação ao terceiro trimestre de 2019, a queda foi de 7,5%.
No acumulado do ano, contudo, a provisão extraordinária puxou as despesas com PDD para uma alta de 39,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 14,9 bilhões.
Proteção financeira
Para analistas do banco Morgan Stanley, no entanto, o "cobertor" do Santander para um eventual aumento de calotes entre o fim deste ano e o início de 2021 está curto em relação ao cuidado dos outros bancos.
Os analistas Jorge Kuri, Jorge Echeverria, Eugenia Sanchez e Alexandre Namioka, dos times do Morgan nos Estados Unidos e do Brasil, disseram, em relatório: "O risco do Santander é que sua taxa de reservas ainda está bem abaixo dos pares, em 6,3% neste trimestre, versus uma média de 8% nos pares."
Apesar de o banco dizer o contrário, eles não descartam que o Santander tenha de elevar provisões no futuro: "A taxa estendida de cobertura está em apenas 80%, versus uma média de 120% dos pares. É possível que o Santander tenha de voltar a fazer grandes provisões no quarto trimestre deste ano ou no primeiro trimestre de 2021."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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