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Déficit em c/c soma US$ 12,517 bilhões em 2020, revela BC

Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues

Brasília

27/01/2021 10h18

Sob os efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus, o Brasil registrou déficit em transações correntes de apenas US$ 12,517 bilhões em 2020, informou na manhã desta quarta-feira, 27, o Banco Central. O resultado é o melhor para um ano desde 2007, quando houve superávit de US$ 408 milhões.

Com a pandemia, o Brasil viu as importações de produtos caírem, enquanto as exportações se mantiveram em níveis elevados, puxadas pela venda de alimentos para outros países. A projeção do BC era de que o déficit em transações correntes - que traduz as relações comerciais (exportações e importações), de serviços e de rendas com outros países - somasse US$ 7 bilhões em 2020.

A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 43,230 bilhões em 2020, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 19,923 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 38,181 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 11,416 bilhões.

Dezembro

Somente em dezembro, o rombo nas contas externas somou US$ 5,393 bilhões. A balança comercial registrou saldo negativo de US$ 991 milhões no mês passado, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,578 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 3,054 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 5,558 bilhões.

O Banco Central também informou que sua estimativa para a conta corrente de janeiro é de déficit de US$ 8,0 bilhões. A projeção considera os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia.

Dívida externa

A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira no fim de 2020 é de US$ 307,577 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2019 terminou com uma dívida de US$ 322,985 bilhões. A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 241,824 bilhões no encerramento de dezembro, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 65,753 bilhões.

Viagens internacionais

Sob os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de apenas US$ 2,350 bilhões em 2020, informou o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em 2019, o déficit nessa conta foi de US$ 11,599 bilhões.

Na prática, com o dólar mais elevado e a restrição de voos em vários países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior despencaram 79,74% em 2020. Vale lembrar que a pandemia do novo coronavírus ganhou corpo a partir de março, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países.

O desempenho da conta de viagens internacionais no ano passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 5,394 bilhões - queda de 69,34% em relação a 2019. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 3,044 bilhões, o que representa um recuo de 49,22%. Somente em dezembro, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 74 milhões.

Investimento direto

Em um ambiente de incertezas sobre o futuro do Brasil, na esteira da pandemia, os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 34,167 bilhões em 2020, informou o BC. O resultado é 50,61% inferior aos US$ 69,174 bilhões registrados em 2019.

A forte queda do IDP em 2020 é resultado direto da pandemia, que afetou os fluxos de investimentos em todo o mundo. No caso específico do Brasil, a fragilidade fiscal e limitações de infraestrutura também costumam ser apontadas como fatores negativos para a atração de investimentos. Em dezembro, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo somou US$ 739 milhões.

Lucros e dividendos

A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 17,180 bilhões em 2020, segundo o Banco Central. A saída líquida é inferior aos US$ 31,919 bilhões que deixaram o Brasil em 2019, já descontadas as entradas.

Em dezembro, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos, de US$ 530 milhões. A expectativa do BC era de que a remessa de lucros e dividendos de 2020 somasse US$ 18 bilhões.

O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 21,118 bilhões em 2020, ante US$ 25,548 bilhões em 2019. A expectativa do BC era de gastos de US$ 22 bilhões no ano passado. Em dezembro, as despesas com juros alcançaram US$ 2,530 bilhões.