Em Davos, Putin critica 'posição monopolista' das grandes techs
Em discurso durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, que este ano ocorre em formato virtual por conta da pandemia, Putin afirmou que as gigantes do Vale do Silício atuam como "concorrente do Estado" e citou o papel exercido por elas durante a campanha eleitoral americana no ano passado.
"Onde está o limite entre os negócios globais bem-sucedidos, os serviços necessários, a consolidação dos indicadores macroeconômicos e as tentativas de controlar grosseiramente, usando seu arbítrio, a sociedade, de substituir os institutos democráticos legítimos e usurpar ou limitar os direitos naturais da pessoa de decidir como viver, o que escolher, qual opinião expressar livremente?", questionou.
O líder russo também comentou mudanças estruturais na sociedade provocadas pela emergência do coronavírus. Na visão dele, a pandemia agravou os desequilíbrios e disparidades socioeconômicas em todo o mundo. "Nós falamos disso antes, mas hoje isso gera uma polarização repentina das visões sociais, provoca o crescimento do populismo, do radicalismo de direita e de esquerda e outros extremismos ", destacou, comparando o contexto atual com o quadro nos anos 30 do século passado.
Para Putin, o Estado deve agir para atenuar os impactos da crise, com estímulos fiscais através do aumento das despesas dos governos, além de apoio monetário por meio dos bancos centrais. "É preciso fazer esforços reais para reduzir desigualdades sociais", defendeu.
O presidente russo argumentou ainda que multinacionais europeias e americanas desfrutaram benefícios desproporcionais da globalização nas últimas décadas. "Se falarmos do lucro das empresas, quem ficou com os ganhos? A resposta é conhecida e óbvia, 1% da população mundial. Em diversos países desenvolvidos, a renda de mais da metade dos cidadãos ficou estagnada", analisou.
Sobre a prorrogação do Tratado Novo Start, que limita os arsenais nucleares de EUA e Rússia, Putin disse que a iniciativa é "um passo na direção correta".
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