Molina investe mais R$ 1 bilhão na Marfrig
A maior compra até aqui ocorreu no fim de 2019, quando o banco de fomento se desfez de sua participação no frigorífico por meio de uma oferta de ações na B3. À época, a empresa aproveitou e fez uma operação primária de ações para reforçar seu caixa. Molina abocanhou um pedaço da oferta, desembolsando cerca de R$ 400 milhões. De lá para cá, o movimento continuou. O empresário seguiu com um ritmo mensal de aquisições. Aproveitou, inclusive, para ir às compras quando as ações da empresa despencaram, como todo o mercado, logo no início da pandemia.
Segundo fontes próximas ao executivo, o foco do empresário na compra das ações está exclusivamente na visão de longo prazo em relação ao desempenho do papel, ou seja, na crença é de que há espaço para valorização. Em 12 meses, a ação teve alta de 26%, enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, registrou valorização de 3%. Procurado, Molina não comentou.
Ajuste dos ponteiros. Com o endividamento em queda e se aproveitando do bom momento operacional, a Marfrig voltou ao radar dos investidores, que também buscaram na crise maior exposição a empresas exportadoras, que se beneficiam do dólar mais alto.
"As vantagens competitivas da Marfrig derivam da ampla escala de suas operações, do acesso aos mercados de exportação a partir do Brasil e dos EUA e de seu relacionamento de longo prazo com fazendeiros, clientes e distribuidores", diz um relatório de janeiro da agência de classificação de riscos Fitch. O documento continua: "Os fundamentos globais do setor de carne bovina devem permanecer positivos nos próximos dois anos para os produtores da América do Sul e dos EUA, devido ao incremento na demanda e à boa disponibilidade de gado."
Na visão do vice-presidente de finanças e de relações com investidores da Marfrig, Tang David, desde o ano passado a empresa vive um "momento de virada", algo possível com o foco em carne bovina, marcado pela venda da Keystone Foods e pelo aumento da participação na Nacional Beef.
Na companhia norte-americana, a Marfrig detém uma fatia de 82%. Fora, isso, comenta o executivo, no começo do ano passado a empresa afinou sua gestão, o que resultou na eliminação da figura do diretor executivo global, simplificando a estrutura e gerando ganhos de eficiência e mais agilidade na tomada de decisão. Essa mudança ajudou a companhia a atravessar o período de pandemia, segundo David.
O grupo também reduziu seu endividamento por meio de geração de caixa e troca de títulos de dívidas emitidos no exterior. A Marfrig lançou um título de dívida externa no mês passado, para utilizar os recursos para recomprar dívida mais cara.
Como houve uma grande demanda, acabou aumentando o tamanho da emissão, que chegou em US$ 1,5 bilhão. Ao montante, a empresa colocou mais US$ 250 milhões do seu caixa e trocou a dívida por uma mais barata, gerando uma economia da ordem de R$ 1 bilhão. "Vamos continuar diminuindo a dívida bruta com geração de caixa", destaca David.
A Marfrig já tinha conseguido encerrar o terceiro trimestre do ano passado com o menor índice de endividamento da sua história. No período de julho a setembro, ela apresentou uma receita líquida de R$ 16,8 bilhões, sendo 72% proveniente da América do Norte. Lá, a Marfrig está presente por meio da National Beef, que exporta para mais de 30 países e tem capacidade de abate de 13,1 mil cabeças de gado por dia.
Molina já deixou clara sua vontade de que as ações da companhia sejam negociadas nos Estados Unidos - uma das alternativas que foram para a mesa para destravar valor. O vice-presidente de finanças da companhia, contudo, diz que a Marfrig não está trabalhando em uma abertura de capital no exterior neste momento. "Mas essa é, sim, uma alternativa para destravar valor. Esse é uma decisão do conselho", destaca.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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