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País tem taxa de informalidade de 40,8% no trimestre até julho, mostra IBGE

Vinicius Neder

Rio

30/09/2021 12h41

O País alcançou uma taxa de informalidade de 40,8% no mercado de trabalho no trimestre móvel até julho, com 36,295 milhões de trabalhadores atuando informalmente, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE).

Em um trimestre, 2,073 milhões de pessoas a mais passaram a atuar como trabalhadores informais. Na comparação com o trimestre móvel encerrado em julho de 2020, são 5,601 milhões a mais na informalidade. Ainda assim, esse contingente está abaixo dos níveis pré-pandemia. O auge desse contingente foi registrado em fins de 2019, quando o total de informais estava em torno de 38,8 milhões.

Para Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, o crescimento do trabalho informal, que puxa a geração de vagas, tanto na comparação com o trimestre móvel terminado em abril quanto com um ano antes, no trimestre móvel até julho, sugere uma volta a padrões históricos do mercado de trabalho brasileiro.

Nesse padrão, em momentos de crise, as primeiras ocupações a serem perdidas são as associadas à informalidade, enquanto as vagas com carteira assinada demoram um pouco mais a serem fechadas. No sentido inverso desse padrão, nos momentos de recuperação das crises, as ocupações informais começam a crescer antes do emprego formal, que também demora um pouco mais a retomar.

"O impacto inicial (da pandemia) foi justamente nos informais, que saíram do mercado num quantitativo bastante elevado. Com o decorrer do tempo, por mais que houvesse programas de mitigação dos impactos, a população ocupada com carteira de trabalho também foi afetada e teve quedas importantes", afirmou Beringuy, lembrando que os dados divulgados nesta quinta-feira, 30, começam a mostrar o início da retomada mais firme das vagas formais. "O emprego com carteira teve um prazo maior de resistência (no início da pandemia), mas, uma vez afetado, continuou em queda até agora (no trimestre até julho), quando tem recuperação", completou a pesquisadora.

Nesse grupo de ocupações tipicamente associadas à informalidade, 10,339 milhões de trabalhadores atuavam no setor privado sem carteira assinada, 587 mil a mais que no trimestre móvel imediatamente anterior, uma alta de 6,0%. Em relação ao trimestre até julho de 2020, foram criadas 1,648 milhão de vagas sem carteira no setor privado, um salto de 19,0%.

Já o trabalho por conta própria, majoritariamente informal, ganhou 1,132 milhão de pessoas em um trimestre. Em relação ao patamar de um ano antes, há 3,766 milhões de trabalhadores por conta própria a mais, totalizando 25,172 milhões de pessoas, o recorde absoluto da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012, mesmo considerando todos os trimestres móveis mês a mês.

Beringuy chamou a atenção para o fato de que, com o recorde, o total de trabalhadores por conta própria superou os níveis de antes da pandemia, diferentemente do que ocorreu com a população ocupada total. Pelo contingente atual de ocupados, ainda há em torno de 5 milhões de vagas de trabalho, entre formais e informais, a menos do que antes da pandemia.

Para a pesquisadora do IBGE, dinâmicas associadas à pandemia ainda podem estar afetando diretamente a composição do trabalho informal. Algumas ocupações que concentram boa parcela dos vínculos informais, como o emprego doméstico e o trabalho sem carteira em negócios de serviços, como bares e restaurantes, ainda seguem afetados por receios com o contato social. Ao mesmo tempo, algumas ocupações típicas do trabalho por conta própria, como os bicos da construção civil com pequenos reparos ou o comércio ambulante, acabam retornando mesmo diante da covid-19.

Renda

Beringuy destacou ainda o peso da informalidade na dinâmica de renda. O rendimento médio do trabalho tombou 8,8% em termos reais em um ano, na comparação com o trimestre móvel até julho de 2020. Segundo a pesquisadora do IBGE, a queda se explica pelo crescimento da ocupação via vagas informais e pela aceleração da inflação nos últimos meses.

"Houve expansão da ocupação, porém esse aumento ocorre com trabalhadores de menores remunerações do que um ano atrás, fazendo com que, na media, o rendimento seja menor", explicou Beringuy. "O crescimento da inflação que vem ocorrendo nos últimos meses também contribui para a queda real (no rendimento)", completou a pesquisadora.