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'Mercado não é nem de direita e nem de esquerda', diz Campos Neto

7.abr.2020 - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em coletiva do Palácio do Planalto - Adriano Machado/Reuters
7.abr.2020 - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em coletiva do Palácio do Planalto Imagem: Adriano Machado/Reuters

Eduardo Rodrigues, Cícero Cotrim e Eduardo Gayer

Do Estadão Conteúdo, em São Paulo e Brasília

26/11/2022 16h06

Após as reações negativas do mercado à indefinição do plano econômico do governo eleito, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje que o mercado não é de direita e nem de esquerda.

"O mercado é uma engrenagem de preços. E o preço do mercado é importante porque diz como, onde e quando alocar os recursos", afirmou, em participação em evento organizado pelo grupo de empresários Esfera Brasil.

Campos Neto afirmou ainda que, pela primeira vez, o mercado tratou a Inglaterra da mesma forma como trata países emergentes, como o Brasil.

"O evento da Inglaterra quebrou vários paradigmas sobre o mercado. A gente viu a desorganização de preços que ocorreu na velocidade que ocorreu, por um tema fiscal muito parecido. Foi a primeira vez que um mercado desenvolvido com muita liquidez perdeu a liquidez da mesma forma que emergentes perdem",afirmou.

O presidente do BC reforçou que houve um gasto global muito alto na pandemia, levando a uma dívida maior, e alertou que há uma questão sobre como se chegar a um equilíbrio fiscal de longo prazo enquanto ainda é necessário atender o social.

"A preocupação em relação à inflação no mundo vai diminuir um pouco, mas é preciso haver coordenação entre as políticas monetária e fiscal. Você não quer estar subindo os juros de um lado e de outro o fiscal ser expansivo, porque no final você entra em trajetória de colisão", avaliou.

Campos Neto argumentou ainda que muitas reformas feitas nos últimos anos deixaram um legado, afetando a oferta.

"Precisamos entender que juros não é causa, é consequência. Nenhum banqueiro central quer ter juros altos, a gente quer ter juro baixo", reiterou.

O presidente do Banco Central repetiu que o crescimento sustentável resume o grande desafio para a economia, sob vários ângulos.

"Precisamos trazer isso para a nossa agenda. A gente precisa democratizar o sistema financeiro, gerar inclusão e educação financeira. E fizemos várias reformas no mercado de capitais", reafirmou, em participação em evento organizado pelo Esfera Brasil. "A gente precisa colocar tecnologia para reduzir barreiras de entrada no sistema financeiro. A gente precisa avançar em sustentabilidade climática", completou.