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Incerteza depende de volatilidade internacional e trajetória fiscal local, diz BC

Brasília

15/12/2022 10h39

O Banco Central citou, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, 15, que o comportamento da incerteza na economia brasileira deve depender da volatilidade nos mercados internacionais e de variáveis fiscais no âmbito doméstico, como o gasto público, o resultado primário e a dívida pública. No documento, o BC destacou que o Indicador de Incerteza da Economia - Brasil (IIE-Br), da FGV, subiu em outubro e novembro.

No RTI, a autoridade monetária ainda ressaltou que as condições financeiras ficaram menos restritivas em novembro e no início deste mês, impulsionada por fatores externos, enquanto as variáveis domésticas atuaram em sentido contrário.

Apesar disso, o BC destacou que o índice de condições financeiras ainda se encontra em patamares historicamente elevados, "os maiores desde o início de 2016".

No âmbito internacional, o BC citou a queda do VIX, a depreciação do dólar no mundo, a redução do petróleo e o aumento de commodities metálicas. Houve também influência da valorização das bolsas em países avançados e emergentes, assim como a queda do risco país.

Já a elevação das taxas de juros futuros no Brasil e a queda do Ibovespa apertaram as condições financeiras no período.

Taxa de juros real

O Banco Central destacou também no Relatório Trimestral de Inflação que a taxa de juros real subiu ante o documento divulgado em setembro, com o aumento da Selic mais que compensando a alta das expectativas de inflação de 2023. O BC ainda continua a esperar que a taxa de juros real vai ficar restritiva ao menos até o fim de 2025, considerando como juro neutro o patamar de 4,0%. No mercado, conforme o questionário pré-Copom, a mediana subiu para 4,5% em meio às incertezas fiscais e ao aperto monetário global.

Considerando a Selic acumulada quatro trimestres à frente, descontada das expectativas de inflação para o mesmo período, ambas extraídas da pesquisa Focus e medidas em termos de médias trimestrais, o juro real alcança o pico de 7,8% no quarto trimestre deste ano e no primeiro de 2023. No RTI de setembro, a expectativa era de que o valor máximo fosse de 7,7%. O mínimo foi de -1,3% no quarto trimestre de 2020 - quando a Selic estava em 2,0%.

Depois do primeiro trimestre de 2023, o BC calcula que a taxa de juros real entra em trajetória de queda, atingindo 6,4% ao final de 2023, 5,1% ao final de 2024 e 4,9% ao final de 2025, "acima ainda da taxa real neutra considerada, de 4,0%, e cerca de 0,4-0,5 p.p. da taxa de juros real utilizada no Relatório anterior".

Boxe sobre inflação de serviços

O Relatório Trimestral de Inflação trouxe também um boxe com a análise da inflação de serviços sob as óticas da ociosidade e da inércia. O documento traz fórmulas sobre cada componente da inflação de serviços relacionando-os com a inflação passada (acumulada em doze meses ou em três meses) e medidas de ociosidade (desocupação ou o hiato do modelo agregado do Banco Central).

"A inflação de serviços tem sido acompanhada com especial interesse na análise recente da conjuntura econômica. Trata-se do componente da inflação tipicamente mais associado ao grau de ociosidade na economia e à inércia inflacionária, por razões que incluem a relevância dos salários nos custos do setor e o grau de rigidez na fixação de preços", destaca o RTI.

De acordo com o BC, dos componentes avaliados, 60% foram classificados como sensíveis à inflação passada, e 62% foram classificados como sensíveis à ociosidade na economia. Há ainda componentes classificados como sensíveis a ambos (29%) e componentes que não se mostraram sensíveis a nenhum deles (7%).

"Entre os resultados não esperados, comuns neste tipo de exercício, destaca-se o caso de aluguel residencial, que não foi classificado como sensível à inércia. Como discutido em mais detalhes no anexo, entre 1999 e 2005 a inflação de aluguéis foi bastante inferior e não correlacionada à inflação passada, o que explica a classificação obtida", avalia o BC.