Gestores veem meta como 'irreal', mas cobram nova âncora
Para este ano, a meta é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Para 2024 e 2025, o patamar estabelecido é de 3%. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a ampliar esses limites, o que, na avaliação do governo, abriria espaço para o corte dos juros.
"A meta está errada, e não dá para persegui-la. Mas acho que a ordem dos fatores neste caso altera o produto. É mais importante definir primeiro a regra fiscal que vai substituir o teto de gastos", disse André Jakurski, gestor da JGP.
Para o sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, o cenário inflacionário agravado nos últimos anos pela pandemia e pela guerra entre Rússia e Ucrânia dificultou o cumprimento da metas. "Se a gente tem uma reunião a cada ano no mês de junho para reavaliar as metas de inflação, por que isso é um dogma tão grande de corrigir?"
Xavier acrescentou que a pressão sobre juros não é consequência do sistema de inflação, mas das incertezas que cercam a pauta fiscal. "Ninguém tem coragem de chegar para o ministro (Fernando) Haddad (da Fazenda) e dizer: 'Ministro, sabe qual o problema da meta de inflação? É porque as pessoas não têm confiança na execução fiscal que o senhor está propondo'." Sentado na primeira fila do auditório, o próprio Haddad esperava o início do seu painel.
Outra referência no mercado de gestão de recursos, Luis Stuhlberger, da Verde Asset, afirmou que a "discussão da meta é cabível, não é o fim do mundo e não implica perda de credibilidade". "Eu acho que buscar uma meta irrealista não é uma coisa boa para o Brasil no atual momento em que a gente está." Na sequência, ressaltou o papel de "um arcabouço fiscal crível". "Os dois juntos vão nos jogar num lugar melhor do que a gente está hoje."
O economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro, avaliou que o grande debate econômico neste momento não deveria ser a revisão das metas de inflação. "Se não tiver sinalização de controle fiscal, pode alterar meta e trocar presidente do BC 50 vezes", declarou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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