Queda nos serviços parece ser pontual, mas é a mais intensa desde março de 2021, diz IBGE
O volume de serviços prestados no País caiu 3,1% em janeiro ante dezembro, eliminando o ganho de 3,0% acumulado nos dois meses anteriores. Os serviços vinham de elevação de 0,1% e novembro, seguida de alta de 2,9% em dezembro. No entanto, em dezembro, o volume de serviços prestados no País tinha alcançado novo recorde na série histórica iniciada em 2011.
A queda nos serviços em janeiro foi a mais intensa desde março de 2021, quando havia encolhido 4,2%. Considerando apenas meses de janeiro, na série com ajuste sazonal, o resultado de 2023 representou a perda mais intensa da série histórica.
"Essa é a queda mais intensa desde março de 2021, que coincide com a segunda onda de covid-19 que acometeu o Brasil em diversas cidades. Mas essa queda acontece depois de os serviços terem alcançado o pico em dezembro de 2022, a base de comparação do setor é extremamente elevada", argumentou Lobo.
A Pesquisa Mensal de Serviços passou por uma reformulação metodológica periódica, assim como as pesquisas de comércio e indústria, que atualizou amostra e itens pesquisados, incluindo serviços de streaming, aplicativos de transporte e empresas de delivery.
"A queda não tem nada a ver com mudança metodológica. Não tem nada a ver com a mudança da amostra propriamente dita", garantiu Lobo.
Três das cinco atividades de serviços registraram recuos na passagem de dezembro de 2022 para janeiro de 2023, com destaque para as perdas em transportes (-3,7%) e outros serviços (-9,9%). Houve recuo ainda nos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,5%). Na direção oposta, os avanços ocorreram em informação e comunicação (1,0%) e serviços prestados às famílias (1,0%).
As principais perdas passam por uma base de comparação "obviamente elevada", disse Lobo. Ele explicou que o setor de outros serviços foi afetado em janeiro por um fator conjuntural, a base de comparação foi inflada em dezembro, quando houve pagamento de bônus em empresas do setor financeiro. Em transportes, a explicação também parece pontual, porque passa por um dezembro extraordinário para o segmento, que alcançou seu pico histórico naquele mês, assim como a média global dos serviços.
"É impossível apenas com esse resultado de janeiro cravar um momento de inflexão em função de momento de conjuntura econômica", afirmou Lobo. "Pode ter recuado por causa de um dezembro muito bom. Precisamos aguardar."
O pesquisador defende que tanto os transportes quanto o segmento de tecnologia de informação ainda são responsáveis pelos serviços terem alcançado seu ápice em dezembro de 2022, e não há nada que indique perda de força no momento.
"Tanto transportes quanto tecnologia de informação ainda são responsáveis pelo setor de serviços ter alcançado esse ápice em dezembro do ano passado. E a gente precisa aguardar para ver como vão se comportar daqui pra frente", declarou.
Lobo afirma que não há sinal de falta de dinamismo de nenhum dos três motores do segmento de transportes: comércio eletrônico, exportação de commodities e indústria.
"Enquanto esses três motores não demonstrarem algum tipo de declínio, o transporte de cargas também não vai demonstrar nenhum tipo de recuo", previu.
O gerente da pesquisa do IBGE ressaltou que o cenário que fez com que o setor de serviços tivesse crescido nos últimos três anos não mudou do final do ano passado para este início de 2023.
"No final de 2022, o patamar de juros já estava no que está agora", disse ele.
Para Rodrigo Lobo, os juros elevados não parecem estar influenciando os diferentes segmentos de prestação de serviços, tanto o de transportes quanto os demais segmentos, incluindo serviços prestados a empresas e os prestados às famílias. Segundo ele, o setor de serviços ainda se mostra "dinâmico".
"É uma primeira queda (a de janeiro), calcada em três setores", lembrou Lobo, acrescentando que as perdas parecem ter explicações pontuais.
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