Desaceleração do e-commerce eleva as devoluções de galpões
Apesar do desempenho positivo, há uma perda de euforia. Não se veem tantas locações assinadas antes da entrega dos imóveis, e há empresas que devolveram áreas contratadas. Resultado: a oferta de novos empreendimentos deve cair, segundo consultores. Com a desaceleração das vendas online, o mercado de galpões deve caminhar para a estabilidade em 2023.
"Os números do primeiro trimestre foram muito bons. No geral, a economia brasileira está um pouco complicada, mas o setor de logística se saiu bem", diz o presidente da consultoria Siila, Giancarlo Nicastro. "Para frente, não diria que há esfriamento, mas sim acomodação."
A quantidade de locações cresceu 15% no primeiro trimestre de 2023 ante o primeiro de 2022 no Estado de São Paulo, chegando a 520,7 mil m², segundo estudo da Siila. É o maior volume de locações da série histórica, iniciada em 2016.
O setor de transporte e logística respondeu por 22% da demanda. Já o e-commerce ficou em segundo (11%), seguido por farmacêuticas (10,5%), empresas de tecnologia da informação (7%) e indústrias de veículos (5%).
Nicastro alerta para mudança de cenário. Já se percebe uma queda nas pré-locações, ou seja, contratos assinados antes de os imóveis ficarem prontos, tipo de negócio que disparou nos últimos três anos, quando oferta era insuficiente. Em 2019, 10% dos galpões entregues estavam pré-locados. Em 2020, 41%. Em 2021, atingiu 51%, mas recuou para 42% em 2022 e 39% no primeiro trimestre de 2023.
DEVOLUÇÕES
Dados da Newmark mostram também que o saldo entre as áreas locadas e devolvidas tem sido forte neste início de ano, embora as devoluções tenham crescido. O saldo entre locações e devoluções no Estado de São Paulo triplicou no primeiro trimestre de 2023 ante o primeiro de 2022, para 361 mil m². "Ainda que tenha havido melhora nos indicadores de demanda, observamos desde o trimestre passado um pequeno aumento nas devoluções", diz a diretora de pesquisa da Newmark, Mariana Hanania.
A decisão do governo de acabar com a isenção de imposto para encomendas internacionais pode respingar no setor. Shein, Shopee, Alibaba e Shopper, por exemplo, foram algumas das maiores demandantes de galpões e tinham potencial para crescer. Para Mariana, se a taxação acontecer, o custo das empresas vai aumentar e afetar toda a cadeia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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