Ibovespa tenta subir com minério, mas cautela geopolítica e fiscal local são riscos

O Ibovespa tenta avançar, impulsionado pela alta de 3,05% do minério de ferro em Dalian, na China. Lá, nesta terça-feira à noite o banco central divulgará sua taxa de juros de longo prazo. Assim, as ações da Vale sobem moderadamente, mas os demais papéis do segmento metálico operam em baixa.

Em meio à zeragem da queda do petróleo, os papéis da Petrobras reduziam a desvalorização, impedindo o Índice Bovespa de cair em sintonia com os índices futuros de ações norte-americanos. Já as bolsas europeias caem em torno de 1,50%, após relatos de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, aprovou uma atualização da doutrina nuclear de Moscou.

Sem agenda relevante de indicadores no exterior e no Brasil, a indefinição do Ibovespa pode continuar, assim como na véspera. Os investidores mantêm compasso de espera pelo iminente anúncio do pacote de gastos. O plano pode sair ainda esta semana - quem sabe após amanhã, feriado nacional da Consciência Negra que deixará os mercados fechados.

"Os mercados reagem a dois pontos", diz Ana Luiza Gnattali, sócia e head de renda variável da Legend Invest. No exterior, cita a escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia. "Isso gera aversão a risco na Europa e nos Estados Unidos. Agora, tem essa de que o presidente americano deu sinal verde para que Kiev use mísseis de longa distância no conflito contra os russos", afirma.

No Brasil, acrescenta Ana Luiza Gnattali, está tudo girando em torno do pacote fiscal. E em meio a isso, completa a sócia da Legend, há a piora nas principais variáveis macroeconômicas do País, caso da inflação e da Selic, como mostrou ontem o boletim Focus. "A perspectiva de uma taxa de juros mais alta, aumenta a pressão por um pacote fiscal mais estruturado. Uma política mais frouxa acaba caindo sobre a monetária, o que pega geral nos mercados negativamente", afirma.

Apesar da demora do governo federal em anunciar o plano de corte de gastos, a Monte Bravo diz manter a visão de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será pragmático e endossará o ajuste necessário para trazer o déficit primário estrutural para perto de zero em 2026. "Isso ainda não é suficiente para estabilizar a dívida, o que requer um superávit primário da ordem de 2% do PIB, mas será um avanço relevante com impacto positivo", pontua em carta mensal Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo.

Enquanto isso, as incertezas ficais tendem a deixar o principal índice da B3 sem ímpeto. Ontem, fechou perto da estabilidade, com recuo de 0,02%, na faixa dos 127 mil pontos (aos 127.768,19 pontos) - nível que tem sido mantido desde o último dia 11.

O mercado fica ainda à espera do Plano de Negócios 2025/2029 definitivo da Petrobras. Ontem, a empresa informou detalhes do plano. A previsão é de investimentos totais de US$ 111 bilhões para o período, além do pagamento de US$ 45 bilhões em dividendos ordinários.

A proposta do plano foi deliberada pela diretoria executiva no dia 14 de novembro, mas ainda será apreciada pelo conselho de administração em reunião agendada para quinta-feira. Ontem, as ações reagiram em forte alta e por volta das 11 horas tinham sinais divergentes: PN subia 0,10% e ON cedia 0,24%. Já vale avançava 0,50%.

As atenções nesta terça-feira ficam ainda no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participa de evento na Associação Comercial de São Paulo, e no encerramento da Cúpula do G20.

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