Ministra da Agricultura da França critica acordo UE-Mercosul: 'Concorrência desleal'

A ministra da Agricultura e da Soberania Alimentar da França, Annie Genevard, reforçou nesta segunda-feira, 25, sua oposição ao acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, apontando que o tratado traria "concorrência desleal" para os agricultores europeus e impactos negativos nos âmbitos ambiental e sanitário. "O projeto de acordo com o Mercosul não é bom. Ele causa uma concorrência desleal, não atende aos padrões sanitários e falha no plano ambiental", declarou Genevard em entrevista à rádio France Inter.

A ministra, que postou a declaração no X (antigo Twitter), afirmou que a posição da França, respaldada por uma rara unanimidade política, tem influenciado os debates no nível europeu, destacando que "não se trata de protecionismo, mas de proteger os interesses legítimos da agricultura europeia". "Estamos defendendo padrões de sustentabilidade econômica e ambiental para nossos agricultores, e nossa posição está mudando as linhas do debate na Europa", acrescentou.

O acordo UE-Mercosul, negociado desde 1999 e finalizado em 2019, enfrenta resistência dentro da União Europeia, especialmente de países como França e Polônia. Entre as críticas, estão preocupações com a entrada de produtos agrícolas sul-americanos que não atendem aos rigorosos padrões de produção europeus, além do uso de substâncias químicas proibidas no bloco. Nos últimos dias, protestos de agricultores em países como França e Polônia intensificaram a pressão contra a ratificação do tratado.

A ministra frisou que, além das questões agrícolas, o acordo falha em compromissos de sustentabilidade e transparência. "Não é aceitável abrir nosso mercado a produtos que não respeitam os mesmos padrões que exigimos de nossos produtores", concluiu Genevard, reafirmando o compromisso da França com uma agricultura competitiva, sustentável e alinhada às demandas da sociedade europeia.

No domingo, 24, agricultores poloneses suspenderam os protestos que bloqueavam a fronteira de Medyka, na divisa com a Ucrânia, após o governo se comprometer publicamente a rejeitar o acordo comercial entre a UE e o Mercosul. O ministro da Agricultura da Polônia, Czeslaw Siekierski, afirmou que o governo manterá sua "oposição inquestionável ao tratado com o Mercosul, como exigem os agricultores".

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