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5 razões pelas quais a Venezuela entrou em um verdadeiro "colapso econômico"

20/01/2016 15h23

SÃO PAULO - A Venezuela está sofrendo uma profunda crise, que culminou com o decreto do presidente Nicolás Maduro na última sexta-feira de "emergência econômica" por 60 dias por causa da crise econômica e política que o país atravessa.

O Banco Central do país, aliás, divulgou depois de mais de um ano os dados da economia local. A economia venezuelana registrou uma contração de 7,1% no terceiro trimestre de 2015 na comparação com o mesmo período de 2014, enquanto o índice nacional de preços ao consumidor (INPC) subiu 141,5% nos 12 meses encerrados em setembro de 2015. No acumulado de janeiro a setembro, a inflação no país acelerou 108,7%.

"O país está em um colapso econômico", afirmou o economista para mercados emergentes da Capital Economics, Edward Glossop. "Os números são previsivelmente horríveis."

Mas o que causou este cenário tão desolador para a Venezuela? Em reportagem, a CNN Money destacou cinco pontos, que são listados abaixo. Confira:

1. Queda do preço do petróleo afetou mais o país
A economia da Venezuela dependente muito do petróleo. Com a forte queda do barril de US$ 100 em 2013 e 2014 para abaixo de US$ 30 no início deste ano - o menor patamar em 12 anos - o país sofreu um baque. Enquanto os preços do petróleo continuarem historicamente baixo, a Venezuela vai lutar para crescer.

O economista do Barclays Alejandro Arreaza classifica a Venezuela como a "maior perdedora" na América Latina com a queda do preço do petróleo. Ele prevê que as exportações da Venezuela somarão apenas US $ 27 bilhões em 2016, uma queda drástica em relação aos US$ 75 bilhões de dois anos antes.

2. Desvalorização do bolívar
A moeda venezuelana, o bolívar, caiu a um ritmo de tirar o fôlego.

Um ano atrás, um dólar equivalia a 175 bolívares. Agora, um dólar vale 865 bolívares. Dito de outra forma, um bolívar vale $ 0,0011 - menos de um centavo, de acordo com a taxa de câmbio não oficial da dolartoday.com.

A maioria dos venezuelanos troca bolívares e dólares à taxa não-oficial, porque o regime de Maduro criou um sistema confuso que envolve três taxas de câmbio oficiais - duas para diferentes tipos de importações e outra para os venezuelanos comuns.

As duas taxas primárias supervalorizam profundamente o bolívar, criando grande demanda por dólares.

3. Novos focos de poder
Alguns venezuelanos estão fartos de Maduro. Reunidos na coligação Mesa da Unidade Democrática (MUD), os partidos que se opunham a Hugo Chávez obtiveram uma vitória esmagadora nas eleições parlamentares de 6 de dezembro, conquistando 112 dos 167 assentos parlamentares.

A oposição agora controla 65% do Congresso. Isso é importante - esse nível permite que a Mesa demita integrantes do gabinete de Maduro e passe reformas que o presidente não possa recusar.

Claro que não é assim tão fácil. Maduro nomeou novos juízes do Supremo Tribunal antes do novo Congresso assumir o cargo. Eles poderiam derrubar a legislação da oposição, criando barreiras ao governo. Em qualquer caso, a instabilidade política nunca é bom para uma economia e ela aumentou este ano.

4. Default em 2016 será difícil de ser evitado
A Venezuela tem oscilado à beira de inadimplência nos últimos dois meses. O país mal tem dinheiro das exportações de petróleo para cobrir seus pagamentos de dívida.

Este ano, a Venezuela deve mais de US$ 10 bilhões em dívida. Quase a metade dela é dívida com vencimento em outubro e novembro.  "Tenho 99% de certeza de que eles estão indo para o default este ano", diz Russ Dallen, sócio-gerente da Latinvest, uma empresa com sede em Miami que investe na Venezuela. O Barclays compartilha essa visão. Enquanto isso, o  Bank of America Merrill Lynch ressalta que a dívida do país não é um indicativo de problema de solvência, mas a conclusão muda dramaticamente com o preço do barril a US$ 20.

5. Crise dos alimentos
Os venezuelanos estão arcando com o ônus dos problemas da economia. O governo não pode pagar para importar alimentos básicos, como leite, farinha e ovos, deixando muitos supermercados com as prateleiras vazias. Um ano atrás, o McDonald's da Venezuela deixou de vender batatas fritas. 

A escassez de alimentos é uma importante fonte de instabilidade social no país.  "Não há ovos, não há leite", diz Dallen, que frequentemente viaja para Venezuela. "Está ficando pior."