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Estratégia do governo pode ser "tiro no pé", diz consultoria

25/02/2016 12h29

SÃO PAULO - Nesta quinta-feira (25), o Brasil contou com dois importantes indicadores: de desemprego e de arrecadação. E eles não foram nada animadores. Ainda mais do que isso: mostram que o pior ainda está por vir. 

A taxa de desemprego apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seis principais regiões metropolitanas do País ficou em 7,60% em janeiro de 2016. Enquanto isso, o governo federal arrecadou R$ 129,385 bilhões em impostos e contribuições em janeiro, queda real de 6,71% na comparação com igual mês de 2015, divulgou a Receita Federal, o pior resultado desde 2011.

Segundo a Rosenberg Consultores Associados, a derrocada da atividade econômica explica grande parte deste desempenho ruim da arrecadação, acentuado pela política de desonerações, parcialmente revertida durante a estadia de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda.

"Além disso, as empresas encontram-se em grandes dificuldades de caixa (e de crédito), fazendo com que atrasem pagamentos de tributos e débitos tributários. A Rosenberg mantém a expectativa de queda real de 5% da arrecadação federal em 2016, com viés de baixa. Por outro lado, a repatriação de recursos tem potencial de surpreender positivamente, afirma.

Arrecadação deve piorar

Segundo a consultoria, a situação da arrecadação ainda tende a piorar, antes de melhorar. Como a arrecadação reflete a atividade econômica com certa defasagem, as recentes surpresas ainda mais negativas da atividade ainda deverão se refletir no desempenho da arrecadação nos próximos meses.

"Neste cenário, a estratégia de ajuste fiscal do governo, calcado principalmente em aumento de arrecadação, através principalmente da reintrodução da CPMF, poderá deprimir ainda mais a atividade econômica e não resolverá o problema fiscal se continuar insistindo majoritariamente do lado da receita. O ideal seria avançar a reforma tributária, mas devido às dificuldades políticas, este tema não está na agenda", afirma a consultoria.

De acordo com a consultoria, não se deve contar com notícias positivas do lado da arrecadação nos próximos trimestres, diz a Rosenberg, e "insistir no aumento de tributos como saída para a crise fiscal tem se mostrado um 'tiro no pé'", conclui a consultoria. 

Taxa de desemprego

Como destaque dos dados de emprego, a Rosenberg Consultores Associados ressalta o recuo dos indicadores de rendimento e massa salarial na comparação interanual. "Vale lembrar que os indicadores de janeiro ainda não incorporam o aumento do salário mínimo, que deve amenizar a queda a partir de fevereiro. 

"Está em pleno vapor o processo de esfriamento do mercado de trabalho. Dado este quadro, deveremos ter nova queda de massa salarial, em decorrência do menor número de pessoas ocupadas e também de um rendimento médio real mais comedido", avalia a Rosenberg.

Conforme afirma o banco Barclays, este é um momento bastante sombrio para os brasileiros e os salários médios reais estão caindo rapidamente.

A visão de que o cenário pode piorar também é destacado pelo banco Bradesco: "apesar da modesta queda na margem da taxa de desemprego dessazonalizada, mantemos nossa expectativa de continuidade do enfraquecimento do mercado de trabalho em 2016", afirma.

Entenda o que é o ajuste fiscal do governo em um minuto