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Consultoria aponta 12 variáveis que podem determinar ou enterrar o impeachment

04/04/2016 12h28Atualizada em 05/04/2016 12h56

SÃO PAULO - Em meio às movimentações tanto dos pró-impeachment quanto dos anti-impeachment para vencer a guerra na Câmara dos Deputados, a consultoria Arko Advice avalia que a tendência é de aprovação do processo na Câmara, mas que a batalha ainda não está definida.

Para a empresa, a probabilidade de que o impedimento de Dilma aconteça é de 60%. Porém, há 12 variáveis decisivas para consolidar a tendência pró-impeachment ou sua reversão.

Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", há 261 votos favoráveis ao impedimento, faltando 81 votos para que se consiga a maioria necessária de 342 votos. O governo tem apenas 117 deputados que se declararam contrários ao impedimento. 

Enquanto isso, a disputa está aberta, pois há um percentual significativo de deputados indecisos ou que não foram localizados pelo jornal. Para que o impeachment seja aprovado, a oposição tem que conseguir o apoio de 60% desse contingente.

"Considerando o pouco tempo para a votação do parecer, o governo está sufocado pelo calendário e pelos desafios que se apresentam. Os obstáculos a serem vencidos para que a oposição faça valer seu atual favoritismo são igualmente impressionantes. Mesmo depois de vários erros e desgastes do Planalto, os votos para aprovar o impeachment ainda não estão garantidos", afirma a consultoria. 

Veja os 12 eventos que podem mudar o cenário do impeachment (para os dois lados): 

  1. Timing: a Arko lembra que a votação no plenário da Câmara deve ocorrer entre os dias 15 e 20 de abril, com cerca de 15 dias para que o governo trabalhe os indecisos em busca dos votos que lhe faltam.
  2. Votação: o voto será nominal e aberto, favorecendo a pressão popular, no momento mais favorável ao impeachment. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já decidiu que a ordem da votação deve ser do Sul para Norte, o que é ruim para o governo, pois o Sul tem um maior viés pró-impeachment, destaca a Arko, lembrando que essa decisão poderá ser contestada pelo governo. Quando Fernando Collor foi julgado, seguiu-se a ordem alfabética.
  3. Plenário: o ambiente de plenário influencia no resultado, já que muitos deputados podem mudar o voto a partir da "sensação térmica" do ambiente, ressalta a Arko, o que reforça a importância do item 2.
  4. Lava Jato: a imponderável operação Lava Jato também é destaque na análise, com novas denúncias e delações podendo impactar profundamente o processo, diz a consultoria. Em especial, se atingir os "top five" protagonistas: Dilma Rousseff, Lula, Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros.
  5. Guerrilha jurídica: várias ações diversionistas estão sendo adotadas por alguns aliados do governo, com os advogados podendo pedir o impeachment de Temer pelo mesmo motivo do impeachment de Dilma. 
  6. Eduardo Cunha: partidos aliados, caso do PCdoB, fazem instruções para que seus diretórios entrem com ações populares contra o presidente da Câmara. Se ele for afastado, a tramitação do processo poderá ter atrasos e contratempos.
  7. STF: muitas decisões importantes do radar do Supremo, como decidir se a nomeação do ex-presidente Lula para o ministério da Casa Civil é legal ou não, se Cunha deve ser afastado ou se Dilma praticou ato para obstrução de Justiça.
  8. Formação da nova base do governo: enquanto o PMDB saiu da base, outros partidos ganharam peso na formação do governo, como PP, PR e PSD. Eles possuem 122 votos e são o alvo preferencial. Se a reforma ministerial for bem sucedida para o governo, as chances de aprovação diminuem sensivelmente, afirma a Arko.
  9. PGR: o fator PGR também deve ser monitorado, uma vez que a Procuradoria-Geral da República deve pedir a abertura de inquérito no STF contra 70 parlamentares, o que pode alterar o humor deles sobre o impeachment. 
  10. Popularidade: neste quesito, Dilma segue em baixa, conforme destacou o novo Ibope, com 82% reprovando a sua administração
  11. Lula: mesmo "ferido", o ex-presidente tem condições de ajudar Dilma, ainda mais após a decisão do STF.
  12. Manifestações: por fim, estão as vozes das ruas, também dissonantes, tanto com adversários quanto defensores do impeachment se mobilizando. A Arko ressalta que o clima de tensão pode aumentar e há riscos concretos de embates violentos.