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Mercado brasileiro festeja como em 2009, e isso pode ser um exagero, diz 'FT'

Luiz Prado/Divulgação BM&FBOVESPA
Imagem: Luiz Prado/Divulgação BM&FBOVESPA

11/08/2016 11h15Atualizada em 12/08/2016 11h57

SÃO PAULO - Quem não se lembra da emblemática capa da "Economist" com o Cristo Redentor subindo como um foguete? O ano era 2009, e a revista britânica destacava que "o Brasil decolava", prevendo que o país deveria se tornar a quinta maior economia do mundo em uma década após 2014, ultrapassando o Reino Unido e a França.

Muitas coisas se passaram, o Brasil perdeu o seu brilho no exterior em meio às crises política e econômica, e foi novamente capa da revista, desta vez por motivos não tão positivos. 

Porém, os dias de maior ânimo parecem ter voltado, pelo menos para o mercado brasileiro, de acordo com o jornal britânico "Financial Times". " Apesar da miríade de problemas que a maior economia da América Latina enfrenta --que inclui grave disfunção política, uma recessão profunda, crescente agitação social e o ataque do vírus zika-- os ativos brasileiros estão tendo um bom desempenho", destaca a publicação, em matéria chamada "Mercados brasileiros: festejando como se fosse 2009". 

O real se valorizou mais de 20% em comparação ao dólar, enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, subiu 54% desde o patamar mínimo registrado no final de janeiro, chegando a ultrapassar os 58 mil pontos durante o pregão.

Além disso, os custos de empréstimos têm caído constantemente desde o início do ano, mostrando um interesse renovado pelo Brasil. No mês passado, os investidores estrangeiros disponibilizaram cerca de US$ 6 bilhões em ordens para uma venda de títulos de US$ 1,5 bilhão, apesar do rebaixamento da nota do país pelas agências de classificação de risco. Os títulos de 30 anos com vencimento em 2047 foram fixados com um rendimento de apenas 5,875%. 

"Depois de serem esmagados em 2015, os ativos brasileiros estão se recuperando. Os investidores encontraram um gatilho no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff", destaca a publicação. 

Contudo, apesar do esforço do presidente interino, Michel Temer, em impor medidas de austeridade, analistas também destacam que o rali atual é reflexo de um renovado apetite do mercado por risco.

"Os investidores estão vendo sinais mais claros de que a economia está caminhando para sair da recessão e os rendimentos ultrabaixos no mundo desenvolvido estão impulsionando uma migração geral para os mercados emergentes", disse David Rees, analista da Capital Economics, ao jornal.

Porém, a euforia pode ser exagerada, diz o "Financial Times". Isso porque, segundo Rees, um período de forte crescimento prolongado parece improvável --particularmente porque o governo luta para lidar com a terrível dinâmica da dívida do Brasil. Além de que os investidores podem estar subestimando drasticamente as perspectivas de aperto da política monetária nos EUA. E, quando o banco central norte-americano subir os juros, o fluxo de investidores pode sair do Brasil. 

Segundo Rees, o Brasil está, sem dúvida, em uma posição melhor agora em comparação a 2015, mas há razões para pensar que o mais recente rali deixou a moeda vulnerável a uma correção nos próximos meses.