Fábrica de tênis que começou na garagem agora exporta para países vizinhos
Uma fábrica de tênis que começou a funcionar numa garagem há 14 anos, em Nova Serrana (MG), hoje é responsável pela produção 5.000 pares diários, mantém 4.000 pontos de venda em todo o país e já exporta 5% de sua produção para os vizinhos Argentina e Paraguai.
O segredo para crescer num ramo dominado por grandes marcas internacionais como Nike, Adidas e Reebok foi se especializar num público pouco atendido por elas: o feminino.
"Percebemos que os tênis femininos eram a cópia dos modelos masculinos com cores diferentes. Nossa ideia foi desenvolver um produto que se comunicasse com a mulher e com um design que agregasse valor a ela", afirma Ronaldo Lacerda, um dos três sócios da Tênis Lynd.
Em vez de produzir tênis unissex, como a maioria dos fabricantes, a opção do negócio foi criar e vender um produto pensado inteiramente para as mulheres.
Quando fundaram a Tênis Lynd, os irmãos Ronaldo, 35, e Ricardo Lacerda, 33, e o amigo Ademar Silva, 36, tinham cerca de 20 anos. A garagem de 30 m2, que ficava na casa dos pais de Lacerda, foi o berço da fábrica. "Começamos o negócio do zero e não tínhamos recursos para alugar um espaço maior. O que não dava para ser feito nas máquinas, fazíamos manualmente", diz.
Embora jovens, eles já tinham a noção da necessidade de se especializar e começaram produzindo calçados infantis. Além disso, o valor de investimento era mais baixo para fabricar esse tipo de produto: as máquinas e a matéria-prima são mais baratas. Para fazer a fábrica funcionar, gastaram R$ 13,4 mil, usados na compra de três máquinas, uma de corte, outra de costura e uma prensa, além da matéria-prima.
Porém, o preço de venda e a margem de lucro dos produtos infantis também eram menores. Após ganhar mercado com os calçados infantis, o objetivo passou a criar modelos femininos. Para isso, foi preciso contratar gente e investir em novas máquinas.
Empresários aproveitaram experiência no mercado para abrir empresa
Antes de iniciar o negócio, os jovens já tinham experiência na área. O trio havia trabalhado em confecções de tênis no polo calçadista de Nova Serrana e conhecia o funcionamento de uma fábrica.
O irmão mais velho se especializou nos procedimentos administrativos, aproveitando a passagem pelos setores financeiros de algumas empresas. O irmão mais novo e o amigo agregaram o conhecimento das linhas de produção.
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Ronaldo Lacerda, sócio-fundador da marca de calçados LyndOs empresários ingressaram no mercado de trabalho com 14 anos, o que na época era permitido. Desde o ano 2000, com a Lei 10.097, a idade mínima para começar a trabalhar subiu para 16 anos, exceto para o cargo de aprendiz, que permanece com idade mínima de 14 anos.
A passagem pelas fábricas possibilitou firmar laços estreitos com vendedores de calçados. Eram eles quem levavam as amostras produzidas na garegem para outras cidades e anotavam os pedidos dos lojistas. As vendas eram feitas apenas sob encomenda. "Às vezes, os pedidos ultrapassavam a nossa capacidade de produção e chegávamos a fazer jornadas de trabalho de 14 horas em um dia", afirma.
Da garagem, para o quintal e para a fábrica
A garagem dos pais de Lacerda funcionou com fábrica por dois anos. Depois, foi a vez do quintal, onde o espaço era um pouco maior e havia condições de comportar novas máquinas e funcionários. Mais três anos se passaram até a empresa alugar um galpão industrial, onde começaram, de fato, a produção dos calçados femininos.
Os sócios da Tênis Lynd Ademar Silva e Ronaldo Lacerda
O negócio, então, decolou. Os números de produção, funcionários e faturamento eram crescentes. Segundo Ronaldo Lacerda, com três sócios na empresa, era mais fácil fiscalizar e manter o controle sobre todas as áreas, o que se refletiu na qualidade do produto final. "Trabalhando com dedicação, colocando um detalhe e um toque feminino a mais, o produto sai com qualidade maior. Entregar isso para o consumidor faz toda a diferença."
Hoje, em nova sede, a fábrica emprega cerca de 500 profissionais. A produção, que no início era de 36 paraes de calçados por dia, subiu para 5.000 e o faturamento atingiu a marca de R$ 42 milhões no último ano. Para 2012, os sócios planejam aumentar em 20% a produção de calçados e a arrecadação, além da criação de mais mil pontos de venda no país.
Os números surperaram as expectativas dos próprios empresários, que apostavam no crescimento da produção, mas acreditavam que chegariam a 2.000 pares de tênis por dia. "Nossa cidade expira calçados. Todos querem ter a própria fábrica e esse era o nosso sonho também. Não esperavámos chegar tão longe", diz Ronaldo Lacerda.
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