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Pressão dos bancos públicos vai fazer juros caírem mais, diz Delfim

Izabela Ferreira Alves

Do UOL, em São Paulo

18/04/2012 14h58

Os juros no Brasil ainda vão cair mais, e a pressão dos bancos públicos é importante para forçar esse movimento nos bancos privados. A avaliação é do ex-ministro Delfim Netto e foi proferida pouco antes de sua palestra  no Seminário Internacional sobre Pequenos Negócios.

O evento, promovido pelo Sebrae, serviço de apoio à pequena empresa em São Paulo (SP), terá também o prêmio Nobel de economia Paul Krugman como palestrante.

Segundo Delfim, os bancos privados, como Bradesco e Itaú que anunciaram corte de juros nesta quarta-feira (18), "estão fazendo o que deviam fazer sem falar, sem pedir. O governo está abrindo o caminho com os banco públicos e os privados têm mesmo que seguir."

Para ele, é visível que a taxa de juros de longo prazo do Brasil vai cair, e os bancos privados vão ter de cooperar. "A participação dos públicos é para fazê-los agir um pouco mais depressa."

O ritmo de queda da taxa básica de juros (a Selic), na opinião de Delfim, "está perfeito". “Espero que hoje caia mais 0,75. Difícil dizer se é demais. No ano passado, falavam que as medidas macroprudenciais não iam funcionar e hoje dizem que funcionaram além da conta".

Para ele, o empecilho para a taxa de juros cair abaixo de 6% é a poupança. "A taxa de juros brasileira é um escândalo, e a consequência básica disso é a falta de competição."

Delfim previu que, no último trimestre de 2011, em relação ao mesmo período de 2012, a economia deve crescer 4%, e a média em 2012 vai girar entre 3,6% 3,7%. "Mas, como as previsões do FMI, esta é um chute", disse o economista.

Outro ponto que impacta a competitividade das empresas criticado por Delfim é a supervalorização do câmbio. "Faz todo o sentido o governo reduzir o câmbio, porque a relação fundamental é câmbio salário, que ainda é ruim e vai ser corrigida lentamente. A redução dos spreads é roubar a bola do câmbio. "

Delfim destaca que a pequena empresa depende substancialmente de crédito. "Quando o BB adquiriu os correspondentes bancários, abriu uma frente fundamental para fazer pequenos empréstimos, estimular a compra de pequenos equipamentos. Esse mecanismo é muito importante para fomentar o microempreendedorismo, como ocorre no resto do mundo."

Para ele, o acesso e os juros do crédito no Brasil ainda assim são muito ruins e a esperança é de que a Caixa e o BB abram espaço para ampliação do crédito para a pequena e média empresa.

Evento discute efeitos da economia sobre pequenos negócios

Com o objetivo de discutir temas que impactam as micro e pequenas empresas, o Sebrae promove, de hoje a sexta-feira, Seminário Internacional sobre Pequenos Negócios. Na pauta, os desafios dos pequenos negócios no atual cenário mundial, bem como as oportunidades de mercado criadas com a ascensão da nova classe média.

Também devem ser debatidos temas como ambiente legal, sustentabilidade e inovação.

Nos três dias de evento, serão realizadas cinco mesas temáticas. A meta é debater o momento atual da economia brasileira e a expectativa de investimentos em função de grandes eventos esportivos que serão promovidos no país.