BC interrompe série de 10 quedas e deixa juros em 7,25% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, interrompeu uma sequência de dez cortes seguidos e manteve a taxa básica de juros (a Selic) em 7,25% ao ano. Isso mantém o rendimento da poupança no nível em que estava desde o mês passado.
A poupança vai continuar rendendo 5,08% ao ano mais a TR (5,08% é 70% da Selic, conforme determina a nova regra adotada em maio deste ano). Antes de as regras mudarem, a poupança rendia 6,17% ao ano, mais a TR.
- Consulte aqui uma planilha e coloque os valores que desejar para calcular sua poupança.
A decisão de manter a taxa foi unânime no Copom e causada por medo da inflação. Quando os juros baixam muito, as pessoas consomem mais e isso pode aumentar a inflação.
Nota do Copom divulgada sobre a decisão cita isso: "Considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, o comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não-linear".
A taxa de 7,25% é a menor que o Brasil já teve desde o início da série histórica da Selic, em 1986. A série de dez reduções seguidas, interrompida agora, começou em agosto do ano passado, quando os juros caíram de 12,5% para 12%.
Esta foi a última reunião do Copom neste ano.
Mudança na poupança vale para depósitos feitos a partir de 4 de maio
Com juros baixos, a poupança rende menos porque, pelas novas regras, determinadas em maio deste ano, o rendimento fica menor sempre que a Selic estiver em 8,5% ou menos ao ano.
Antes das mudanças, o ganho da poupança era de 6,17% ao ano, mais a TR, em qualquer situação.
Pelas novas regras da poupança, anunciadas pelo governo federal no começo de maio, sempre que a Selic ficar em 8,5% anuais ou menos, muda o rendimento dos depósitos feitos a partir de 4 de maio deste ano.
A mudança vale tanto para poupanças que já existiam e para as que foram abertas a partir de 4 de maio. O dinheiro que já estava nas poupanças antigas continua rendendo conforme as regras anteriores. O que muda para essas contas antigas são os novos depósitos. Esses já entram na regra nova.
Com os juros em 8,5% ou menos ao ano, a "nova" poupança rende 70% da Selic, mais a TR (Taxa Referencial). Para os depósitos feitos antes de 3 de maio deste ano, nada muda. Nesse caso, o rendimento continua sendo o antigo, de 0,5% ao mês (ou 6,17% ao ano), mais a variação da TR.
Os bancos têm de informar o rendimento da poupança em blocos diferentes no extrato. Um dos blocos informará o rendimento dos depósitos feitos até 3 de maio. Os outros deverão trazer o rendimento dos depósitos feitos depois de 4 de maio.
Para calcular quanto vai ganhar, o poupador deverá sempre considerar a Selic vigente no dia em que ele efetuou o depósito.
Governo tem tomado medidas para reduzir os juros ao consumidor
O governo tem tomado medidas para reduzir os juros diretos ao consumidor. A onda de cortes de juros nos bancos começou no início de abril, com os bancos públicos, e continuou com os bancos privados.
A preocupação com os juros é que eles dificultam o crescimento da economia. Com juros mais altos, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais caro. Essa situação deixa a economia com menos força. Reduzir os juros, ao contrário, estimula a produção e o consumo, melhorando o PIB (Produto Interno Bruto).
A taxa básica de juros orienta o restante da economia, mas há pouco impacto na vida prática de quem precisa usar o cheque especial ou cartão de crédito. Analistas dizem que essas taxas são tão altas que pequenas variações na Selic são incapazes de aliviar ou pesar no bolso no dia a dia.
Antes do início do governo Dilma, a Selic estava em 10,75%. No primeiro mês dela (janeiro de 2011), subiu para 11,25%.
A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação ou estimular a economia. Quando a taxa cai, estimula o consumo. Quando sobe, reduz a atividade econômica porque os empréstimos e as prestações ficam mais caros.
O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.
O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e Desestatização, e Administração.
(Com informações da Reuters)
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