Poupança nova rende menos que a antiga porque regra mudou em 2012
O rendimento das novas poupanças continua menor que o da antiga caderneta. Como o Banco Central manteve os juros básicos (Selic) em 7,25% ao ano, a poupança vai continuar rendendo 5,08% ao ano mais a TR (5,08% é 70% da Selic
Esse rendimento menor ocorre porque a nova regra mudou o cálculo. Antes da alteração, a poupança tinha um rendimento fixo mínimo de 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais a TR (a taxa referencial, um indicador de reajuste).
Agora o rendimento fica menor sempre que a Selic estiver em 8,5% ou menos ao ano. Nesse caso, a "nova" poupança rende 70% da Selic, mais a TR (Taxa Referencial). Para os depósitos feitos antes de 3 de maio de 2012, nada muda. Nesse caso, o rendimento continua sendo o antigo, de 0,5% ao mês (ou 6,17% ao ano), mais a variação da TR.
A mudança vale tanto para poupanças que já existiam e para as que foram abertas a partir de 4 de maio de 2012. O dinheiro que já estava nas poupanças antigas continua rendendo conforme as regras anteriores. O que muda para essas contas antigas são os novos depósitos. Esses já entram na regra nova.
Os bancos têm de informar o rendimento da poupança em blocos diferentes no extrato. Um dos blocos informará o rendimento dos depósitos feitos até 3 de maio de 2012. Os outros deverão trazer o rendimento dos depósitos feitos a partir dessa data.
Para calcular quanto vai ganhar, o poupador deverá sempre considerar a Selic vigente no dia em que ele efetuou o depósito.
Entenda por que a poupança rende menos agora
O governo decidiu reduzir os ganhos da poupança para que os investidores não migrassem em massa para ela.
O governo reduziu a taxa básica de juros no último ano ao menor nível histórico e isso criou um impasse em relação aos rendimentos da caderneta de poupança. Com os juros mais baixos, a caderneta tende a ficar mais interessante para os investidores do que os títulos públicos. Segundo especialistas, isso pode criar problemas para o governo e para os bancos.
O governo federal precisa de dinheiro para fazer obras, financiar projetos sociais (como Bolsa Família) e pagar suas despesas (gastos com funcionários públicos, por exemplo). Existem algumas formas para conseguir esse dinheiro, como a cobrança de impostos (como IPI e Imposto de Renda) e o recebimento por concessões (como quando o governo permite que uma empresa explore petróleo, por exemplo).
Se o dinheiro arrecadado pelo governo não for suficiente para cobrir esses gastos, é necessário emitir títulos públicos para refinanciar essa dívida. Esses títulos são comprados diretamente por pessoas físicas, por meio do Tesouro Direto, ou por bancos (que os revendem em carteiras de fundos de investimento de renda fixa, por exemplo).
Rendimento dos títulos é atrelado à Selic
Assim, quem compra um título público está, na verdade, emprestando dinheiro ao governo para que ele faça investimentos. Para emprestar esse dinheiro, porém, o investidor quer ter um retorno, que é justamente baseado na taxa Selic.
Como a taxa caiu, esses títulos perdem atratividade, e os investidores poderiam migrar para a poupança, o que faria o governo ter dificuldade para financiar suas dívidas.
Os bancos também tendem a perder com a migração em massa dos investimentos para a poupança, porque, por lei, 65% dos recursos da caderneta devem ser usados no financiamento de imóveis. A demanda por financiamentos, porém, pode não continuar tão alta como tem acontecido nos últimos anos, diz Nogami. Isso deixaria esses recursos parados nas instituições.
Por isso o governo decidiu reduzir a atratividade da poupança.
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