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Eike avalia erros em artigo, mas diz estar 'muito longe' de se aposentar

Do UOL, em São Paulo

19/07/2013 08h46Atualizada em 19/07/2013 09h10

Em um artigo publicado nesta sexta-feira (19) pelo jornal “Valor Econômico”, o empresário Eike Batista relembra passagens de sua “trajetória de mais de 30 anos de muito trabalho” e comenta a crise em seus negócios. Na conclusão do artigo, ele afirma que seu obituário empresarial tem ocupado as páginas de blogs, jornais e revistas, e afirma: "Só posso dizer que me vejo muito longe deste Eike aposentado".

As empresas do bilionário enfrentam uma séria crise de confiança no mercado e grandes perdas na Bolsa de Valores. Os papéis da petrolífera OGX, por exemplo, já valem menos que um pão francês.

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“Mais do que ninguém, me pergunto onde errei. O que deveria ter feito de diferente?”, escreve. Segundo ele, um dos erros foi o modelo de financiamento adotado para as empresas, por meio da abertura de capital na Bolsa de Valores. “Hoje, se pudesse voltar no tempo, não teria recorrido ao mercado de ações.”

É a primeira vez que o empresário se pronuncia publicamente sobre a crise que aflige seus negócios. “Ao longo dos últimos meses, decidi que não me pronunciaria sobre a avalanche que se abateu sobre minha vida privada e principalmente sobre meus negócios. Mudei de ideia nos últimos dias diante da grande insistência de amigos próximos e alguns de meus executivos”, escreve no artigo.

Eike cita fracassos e diz honrar compromissos

"Muitas vezes as pessoas imaginam que surgi do nada, em meio a uma febre desenfreada de aberturas de capital, e que surfei na onda de um mercado em alta que, sem qualquer razão aparente, me ofereceu um cheque em branco com algumas dezenas de bilhões para que eu pudesse brincar de empreender”, afirma o empresário.

"Se algum dia mereci a confiança do mercado, foi porque havia uma trajetória de mais de 30 anos de muito trabalho, desafios superados, sucesso e uma capacidade comprovada de cumprir compromissos."

O empresário afirma que teve episódios de fracasso, mas diz que nunca os escondeu. “Mas os fracassos aconteceram e eu nunca os escondi. Tive experiências mal sucedidas com a fabricação de jipes, com uma empresa concebida para concorrer com os Correios, com algumas minas fora do Brasil das quais tive de abrir mão por fatores diversos. Mas eu nunca deixei de ser transparente, pagar ninguém e nem de honrar meus compromissos.”

OGX deu origem à 'crise de credibilidade'

Em seu artigo, o empresário diz reconhecer que o início da “crise de credibilidade” que se abateu sobre ele e seus negócio teve início na petroleira OGX.

O empresário afirma ter se cercado de “cabeças coroadas por décadas de serviços prestados a empresas de renome”, de ter consultado “diversas empresas independentes no mercado do petróleo” e ter as empresas “auditadas por três das maiores agências de risco do mundo”. 

“Eu perdi e venho perdendo bilhões de dólares com a OGX. Alguém que deseja iludir o próximo faz isso a um custo de bilhões de dólares?”, pergunta no artigo.

Ele se diz “solidário” com aqueles que investiram na OGX em sua origem ou quando “parecia que a companhia entregaria resultados de grande magnitude”. “O que posso dizer a essas pessoas é que acreditei neste cenário tanto quanto elas. Investi e continuo investindo quase todo meu patrimônio, tempo e dedicação na OGX e nas demais empresas X. E lamento profundamente não ver confirmados os prognósticos de consultorias de renome, auditados por agências de idêntico renome e referendados por executivos de renome.”