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Cliente registra e paga as compras sozinho em lojas e supermercados

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

22/07/2013 06h00

A rotina dos consumidores brasileiros está passando por mudanças. Em várias cidades do país, em vez de apenas escolher um produto na prateleira e entregá-lo a um atendente, o consumidor pode, sozinho, registrar a compra, fazer o pagamento e colocar tudo dentro de uma sacola.

Os caixas de autoatendimento já estão presentes em lojas de roupas e supermercados e, em breve, vão chegar também a drogarias e ao comércio de material de construção.

A rede de supermercados Muffato começou a usar os equipamentos em Curitiba há cerca de um mês. Antes, já vinha testando os caixas em unidades de Maringá e Londrina, também no Paraná.

Nos chamados "autocaixas", o próprio cliente passa os produtos por um leitor de código de barras. Depois, faz o pagamento, que pode ser no cartão de débito ou crédito. Por fim, retira sua nota fiscal, e coloca as compras na sacola. Tudo isso sem precisar trocar qualquer palavra com um funcionário do supermercado.

"Na loja de Maringá, esses equipamentos já concentram mais de 5% das vendas", diz Paulo Soares, diretor-presidente da RMS, empresa que implantou o sistema no Muffato. "Eles atraem todos os tipos de clientes, até as pessoas mais velhas, que achamos que poderiam oferecer alguma resistência."

A tecnologia está chegando, também, a duas redes de supermercados que atuam no interior de São Paulo: a Proença (São José do Rio Preto) e a Confiança (Bauru). Os serviços serão implantados nas duas redes até o fim deste ano.

Paulo Soares afirma que uma grande rede de drogarias do Sul do Brasil e uma de materiais de construção também manifestaram interesse. "A tecnologia permite que as lojas atendam mais clientes em horários de pico. Acreditamos que ela vai chegar com força no comércio", diz.

Sistema lê códigos de barras de vários produtos simultaneamente 

A rede de moda jovem Memove, marca da VGB Global Brands, também usa o autoatendimento em lojas localizadas em shopping centers de São Paulo e outras cidades do país, como Porto Alegre e Salvador.

Nos "caixas rápidos" da loja, não é preciso passar os produtos individualmente pelo leitor de código de barras. Basta colocar todos os itens em um compartimento. A leitura das informações é feita por radiofrequência, e a tela do equipamento mostra a quantidade de produtos adquiridos, o preço de cada um, e o valor total a ser pago no cartão de crédito ou débito.

Feito o pagamento, é só acomodar as roupas numa das sacolas disponíveis e voltar a passear no shopping.

Tendência teve início em bancos e companhias aéreas

No Brasil, muitos consumidores passaram a usar o autoatendimento para fazer serviços bancários. Companhias aéreas também investiram em totens em que o passageiro faz o check-in sem precisar passar pelo balcão.

Na Gol, entre 50% e 60% dos clientes usam o autoatendimento, que também pode ser feito pela internet ou pelo celular. "O objetivo da empresa é priorizar cada vez mais o celular e a internet, para que o consumidor já chegue ao aeroporto com seu cartão de embarque. Queremos que, preferencialmente, o cliente não passe pelo balcão", diz o gerente corporativo de aeroportos da companhia, Alessandro Minucci.

Por enquanto, essas opções só estão disponíveis para quem não tem bagagem para despachar. A Gol tem planos, porém, de testar equipamentos que permitem que os passageiros também etiquetem e despachem suas malas sozinhos.

O autoatendimento tende a ganhar mais espaço no comércio brasileiro, assim como aconteceu nos Estados Unidos e na Europa, diz o presidente do conselho do Programa de Administração de Varejo (Provar), Claudio Felisoni de Angelo.

"Não é mais algo para o futuro, é uma realidade que vai ganhar cada vez mais espaço nas grandes redes, substituindo os caixas convencionais", afirma.

Também é natural, diz o professor, que tecnologias modernas acabem substituindo a mão de obra tradicional no comércio, como se observou na indústria automotiva.

Os empresários, no entanto, evitam associar os equipamentos à redução de empregos. "A tecnologia não substitui as pessoas. Nenhuma das redes que implantou o autoatendimento teve a preocupação de reduzir pessoal", afirma Paulo Soares, da RMS.

"O funcionário acaba sendo necessário em outro lugar, como no apoio ao uso dos equipamentos e na gestão dos processos", diz Alessandro Minucci, da Gol.