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Amendoim colhido em Jaboticabal (SP) vira doce e salgadinho na Europa

Ewerton Alves/Neomarc/Divulgação
Imagem: Ewerton Alves/Neomarc/Divulgação

Janice Kiss

Do UOL, em São Paulo

30/07/2013 06h00

Cerca de 40 mil toneladas de amendoim devem partir neste ano de Jaboticabal (SP), a 342 km de São Paulo, rumo à Europa para virar chocolate, torrone e salgadinho. Essa rotina se repete há 12 anos, desde que a região no noroeste paulista tornou-se o principal polo produtor do grão no Brasil. 

Na safra deste ano, os pequenos e médios agricultores da cidade paulista colheram 82 mil toneladas do grão, praticamente um quarto de todo o amendoim brasileiro --a safra nacional é calculada em 336 mil toneladas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). No passado, o Brasil já chegou a produzir o dobro dos volumes atuais, mas a falta de controle de um fungo (Aspergillus flavus) reduziu as plantações.

O amendoim colhido na região de Jaboticabal (SP) é processado, durante todo o ano, pela Coplana-Cooperativa Agroindustrial, que tem 130 produtores associados. Nos últimos três anos, a cooperativa investiu R$ 40 milhões para ampliar sua capacidade de recebimento e processamento do produto.

“A Europa é o nosso principal cliente, mesmo com a forte concorrência dos Estados Unidos, China e Argentina”, diz o superintendente da Coplana, José Arimatéia Calsaverini.

A cooperativa também abastece fabricantes nacionais de doces. Os grãos que não atendem aos padrões industriais são esmagados para a fabricação de óleo e ração.

O amendoim sai da sombra da cana-de-açúcar

Há duas décadas, o amendoim era utilizado apenas como coadjuvante para a cana-de-açúcar. O plantio do grão era feito logo depois da colheita da cana, para melhorar a fertilidade do solo e combater a expansão de ervas daninhas no campo.

O crescimento da indústria de açúcar e álcool no Estado de São Paulo passou a exigir áreas extensas de plantio. Com isso, muitos pequenos e médios produtores investiram no amendoim como principal produto sem abandonar as plantações de cana-de-açúcar.

Segundo o superintendente da cooperativa, os agricultores adotaram variedades mais produtivas de amendoim, a colheita passou a ser mecanizada, e a cooperativa investiu em tecnologia. 

Em época de safra, 300 caminhões chegam ao pátio da Coplana todos os dias. Uma sonda extrai amostras dessa carga, que são levadas para análise em laboratório. O resultado tem influência sobre o preço pago ao produtor por saca (com 25 kg cada). Por exemplo, uma saca com vagens bem formadas e índices corretos de umidade (fator que evita o aparecimento de fungos) é cotada a R$ 30.

Plantio secundário nem sempre se torna o principal

O fato de a cana-de-açúcar ter sido substituída pelo amendoim em Jaboticabal (SP) não significa que todo plantio secundário pode ocupar a posição principal. "Nem sempre tem chances de serem rentáveis como o primeiro", afirma o pesquisador José Eloir Denardin, da Embrapa Milho e Sorgo (MG).

O pesquisador informa que essas lavouras são essenciais para o descanso da terra e para a fertilidade do solo.

Segundo ele, as plantações também cumprem um papel importante na propriedade quando são usadas na alimentação animal, como o sorgo (grão considerado primo do milho) e pastagens para o gado.

"Podem não ser tão rentáveis, mas não são menos importantes para o equilíbrio de um sistema de produção", diz.