Inseto 'Usain Bolt' foge de inseticida e se finge de morto para sobreviver
O gorgulho-do-milho, inseto que é uma das principais pragas de grãos armazenados no Brasil, desenvolveu hábitos para sobreviver às aplicações do inseticida mais utilizado para combatê-lo.
Além de se "fingir de morto", alguns exemplares da espécie são capazes de se locomover com rapidez digna do corredor jamaicano Usain Bolt, considerado o homem mais rápido do mundo. O motivo: escapar do veneno.
A conclusão é de um estudo liderado pelo agrônomo Raul Narciso Guedes, da Universidade Federal de Viçosa (MG), divulgado pela revista Pesquisa Fapesp, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Ele notou que havia diferenças de comportamento entre exemplares da espécie, e decidiu investigar se isso poderia estar ligado a sua resistência ao inseticida deltametrina, muito utilizado para eliminar o gorgulho-do-milho.
No estudo, publicado na edição de junho da revista "PLoS One", foram analisados exemplares de 15 locais em diferentes regiões do Brasil. Algumas dessas populações demonstraram ser mais resistentes ao inseticida do que outras.
Segundo Guedes, as características mais marcantes foram as relacionadas ao deslocamento no animal (velocidade, tempo em repouso e distância caminhada) e a sua capacidade de se fingir de morto quando ameaçado.
"Esses traços se diferenciavam de indivíduo para indivíduo, principalmente dentro de uma população, e entre populações --mas, neste caso, as diferenças eram menores", afirma.
Insetos que caminham com maior velocidade parecem fugir do inseticida
Os pesquisadores verificaram que o fato de o animal caminhar longas distâncias e em maior velocidade ajudou-o a sobreviver ao veneno.
“O fato é que os insetos com maior mobilidade parecem fugir da exposição à deltametrina, buscando uma superfície sem o inseticida”, diz o agrônomo.
“Apesar de o estudo ter sido conduzido em laboratório, conseguimos simular bem o ambiente de um armazém. Mesmo assim, estamos curiosos para ver como isto funcionaria em condições mais realistas”, afirma Guedes.
De acordo com ele, o estudo representa um grande avanço para o combate à praga no país. Se o resultado do laboratório se repetir na vida real, nos armazéns de grãos, os produtores terão, então, de procurar uma nova alternativa ao atual inseticida.
(Com revista Pesquisa Fapesp)
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