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Bolsa muda regras do Ibovespa pela 1ª vez em 45 anos; entenda as alterações

Luiza Calegari

Do UOL, em São Paulo

12/09/2013 13h05Atualizada em 13/09/2013 09h27

Pela primeira vez em 45 anos, a Bovespa anunciou mudanças na metodologia de seu principal índice de ações, o Ibovespa. O Ibovespa reúne as principais ações negociadas e dá um panorama de como a Bolsa se comportou em determinado dia. O anúncio foi feito na quarta-feira (11), e os detalhes foram divulgados nesta quinta (12).

As alterações estão sendo estudadas desde o final do ano passado, segundo o diretor-presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, e devem “refletir melhor o atual cenário econômico brasileiro”.

A cada quatro meses, a Bovespa anuncia uma nova composição para o seu principal índice, levando em conta alguns critérios observados ao longo dos doze meses anteriores. Estes critérios estão sendo alterados pela Bovespa pela primeira vez desde a criação do Ibovespa, em 1968.

Mudanças serão implantadas em duas etapas

As novas regras serão colocadas em prática em duas etapas para suavizar seu impacto para as empresas.

A partir do dia 6 de janeiro do ano que vem, as regras antigas e as novas vão valer simultaneamente: a composição do Ibovespa vai ser calculada pelas duas normas e, depois, será feita uma média simples, na qual cada regulamento terá peso de 50%.

As novas regras passam a valer integralmente a partir de 5 de maio de 2014.

Índice exclui ações abaixo de R$ 1; veja critérios de exclusão

Uma das principais alterações anunciadas pela Bolsa paulista foi o critério de exclusão do índice das ações consideradas “penny stock”, ou seja, que valem menos de R$ 1. A avaliação leva em conta o preço médio de cada ação nos últimos quatro meses antes da divulgação de uma nova composição.

Pela nova regra, as ações da OGX (OGXP3), petroleira do empresário Eike Batista, teriam de sofrer um grupamento, ou seja, juntar várias ações em uma só, somando seus preços individuais, para poder continuar sendo integrantes do Ibovespa.

Se não obedecerem a este critério, as ações da OGX podem deixar de integrar o índice já a partir de 6 de janeiro de 2014. Caso o grupamento seja feito até tal data, a Bovespa vai calcular o preço médio de acordo com o valor de cada ação após o grupamento.

Também podem ser excluídas do índice as ações que não obedeçam a dois ou mais dos critérios de inclusão no índice (leia mais abaixo), ou que passem a ser listados em situação especial (como empresas em recuperação judicial, antiga “concordata”).

No caso de uma empresa entrar em recuperação judicial, suas ações serão suspensas do índice Ibovespa. Caso a ação volte a ser negociada na Bolsa, ela pode ser comprada e vendida normalmente ao longo de um pregão, mas, depois disso, volta a ser excluída do índice.

Se 50 dias se passarem sem que a ação volte a ser negociada, ela será automaticamente excluída do índice.  O preço desta ação será definido pela Bovespa, que pode optar por fazer um leilão.

Bolsa muda regras para incluir empresas no Ibovespa; entenda

A Bovespa também fez alterações nos critérios de inclusão de novas empresas no índice. Segundo o diretor de relações com investidores, Eduardo Guardia, as mudanças vão permitir que mais empresas possam fazer parte do Ibovespa.

Antes das mudanças, a soma de todas as ações que compõem o Ibovespa precisava corresponder a 80% de todos os negócios da Bolsa. Com a nova regra, as ações do Ibovespa devem corresponder a 85% de todos os negócios.

Além disso, é preciso que a ação tenha sido negociada em 95% das sessões no último ano, e que não seja uma “penny stock”, ou seja, a ação precisa valer mais que R$ 1. A participação da ação entre todos os negócios da Bolsa deve ser igual ou superior a 0,1%.

"Estreantes' na Bolsa podem integrar Ibovespa mais rapidamente

As empresas que entram na Bolsa podem passar a integrar o Ibovespa mais rapidamente.

É preciso obedecer a alguns critérios: a oferta inicial de ações deve ter sido feita antes da última recomposição do índice; a ação precisa ter sido negociada em 95% das sessões nos quatro últimos meses (e não um ano), além de atender aos demais critérios para ingresso no índice, como valer mais de R$ 1 e ter participação de mais de 0,1% no volume total de negócios.

Muda regra para calcular o peso das ações

Também foi alterada a metodologia de cálculo do peso de cada ação na composição do índice. Pela regra antiga, o número de ações negociadas e o valor total negociado eram dois critérios que possuíam a mesma importância para determinar a participação de uma empresa no índice.

A partir de agora, o cálculo será feito dando mais importância para o valor total negociado, e diminuindo a importância do número de negócios.

Esta é uma forma de “proteger” o Ibovespa de oscilações muito intensas, afirma o diretor de relações com investidores, Eduardo Guardia.

Por fim, a participação de cada empresa no Ibovespa não poderá ultrapassar 20%, somando-se as ações preferenciais (que dão prioridade na distribuição de dividendos) e ordinárias (que dão direito a voto).

Eduardo Guardia ressaltou que nenhuma empresa hoje se enquadra nesta categoria, mas que a Bovespa acrescentou esta norma para prevenir que, no futuro, alguma empresa tenha uma importância desproporcional no índice.