Dólar sobe pelo 5º dia, a R$ 5,27, maior valor em 13 meses; Bolsa cai

O dólar emendou sua quinta alta consecutiva, esta de 1,64%, e fechou o dia vendido a R$ 5,27. É o maior valor em mais de um ano, desde 23 de março de 2023, auge da crise de Lula com a direção do Banco Central, quando a moeda americana chegou a R$ 5,29. O dólar agora acumula ganhos de 8,6% frente ao real desde o início do ano.

Já o Ibovespa caiu 0,75% e chegou aos 124.388,62 pontos, no quinto pregão seguido de perdas. O principal índice da B3 já recuou 7,3% em 2024.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, a referência é o dólar turismo, e o valor é bem mais alto.

O que aconteceu

Temores sobre as contas públicas ajudam a desvalorizar o real. Ontem (15), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo vai propor salário mínimo de R$ 1.502 em 2025, além da meta de déficit zero. A nova meta representa um afrouxamento em relação à indicação dada em 2023 de que o governo buscaria um superávit de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025.

Mercado está frustrado com decisão de afrouxar a meta fiscal. O movimento, embora já esperado pelos investidores, "começa a destravar uma percepção de que o governo estaria disposto a incorrer em revisões de meta para não ver o gasto ser prejudicado, em vez de controlar o gasto", explicou à Reuters Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Presidente nacional do PT questiona forte reação. Em entrevista ao "Estúdio i", da GloboNews, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que os novos objetivos são realistas e não demonstram desestabilização ou falta de previsibilidade do governo Lula. "[Houve mudanças na meta] Em outros governos, nos nossos governos [do PT]. Não há nenhum problema que isso traga", afirmou.

Nos EUA, dados enfraqueceram as apostas de corte de juros. Números das vendas no varejo divulgados na véspera mostraram uma alta bem mais intensa do que a esperada, em mais uma evidência de que a economia encerrou o primeiro trimestre em terreno sólido. Isso reforça os argumentos para que o Fed (Federal Reserve, o BC americano) seja cauteloso na política monetária e adie a redução dos juros.

Manutenção dos juros nos EUA tende a impulsionar o dólar. Isso acontece porque, com os juros ainda elevados, os investidores redirecionam recursos para o mercado de renda fixa dos EUA, considerado muito seguro. Por outro lado, sinais de que o Fed vai começar a reduzir os juros em breve tendem a impulsionar moedas mais arriscadas, porém mais rentáveis, como o real.

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A gente também teve a mudança nas metas ficais, o que já trouxe instabilidade para o mercado. De fato, as preocupações com a questão fiscal são o que pega no momento. A gente tem um dólar muito forte frente às moedas emergentes, o real está sofrendo bastante. (...) Acho que todos os presidentes de Bancos Centrais estão de olho no que pode acontecer. O mercado realmente vive um momento de aversão a risco.
Pedro Marinho Coutinho, sócio da The Hill Capital, ao UOL

(Com Reuters)

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