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'O Lobo de Wall Street' mostra armadilhas do mercado; saiba evitá-las

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

24/01/2014 06h00

No filme "O Lobo de Wall Street", que estreia nesta sexta-feira (24) no Brasil, o ator Leonardo DiCaprio faz o papel de Jordan Belfort, um corretor que fica rico aos 26 anos depois de fazer sucesso no mercado financeiro.

A história é baseada em fatos reais. Segundo a autobiografia que deu origem ao roteiro, Belfort ganhou muito dinheiro enganando investidores, mas acabou condenado por fraude financeira e lavagem de dinheiro, chegando a cumprir 22 meses de prisão. Hoje, vive de palestras motivacionais.

Consultados pelo UOL, os professores de finanças Cláudio Carvajal (Fiap – Faculdade de Informática e Administração Paulista), Ricardo Humberto Rocha (FIA – Fundação Instituto de Administração) e Ricardo José de Almeida (Insper Instituto de Ensino e Pesquisa) dão dicas de como se prevenir de golpes do tipo.

  • Busque orientações em órgãos oficiais

A equipe contratada por Belfort era formada por pessoas que não tinham experiência no mercado financeiro. Os corretores ganhavam comissões de 50% para vender ações de pequenas empresas, que não eram listadas na Bolsa.

O caso é extremo, até porque, aqui no Brasil, não é possível comprar ações de empresas que não estão na Bolsa. Mas a situação abre espaço para um alerta: na hora de investir, é preciso se cercar de informações oficiais e de profissionais capacitados.

Ricardo Humberto Rocha, professor da FIA, sugere que quem tem dúvidas faça consultas ao Banco Central ou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Na Bolsa, é possível consultar a lista de empresas autorizadas a vender ações no mercado.

  • Não confie apenas na "lábia" do vendedor

No filme, o personagem de DiCaprio é, sobretudo, um exímio vendedor. Ele consegue convencer até grandes investidores de que as ações que vende pertencem a empresas promissoras.

É importante saber fugir de vendedores que têm boa lábia, diz Cláudio Carvajal, professor da Fiap. Até porque o corretor ou o gerente do banco pode ter interesse em vender um investimento apenas para ter uma comissão maior ou cumprir metas.

A recomendação é que o investidor consulte sempre mais de um profissional, de corretoras diferentes, para verificar se as recomendações são muito divergentes. "Só compre a ação se a dica for sustentada por um analista da corretora", diz Ricardo José de Almeida, do Insper.

Toda corretora, diz o professor, deve ter uma equipe de analistas que faz relatórios para confirmar se os preços das ações vendidas são compatíveis com a realidade das empresas, por exemplo.

  • Desconfie de promessas milagrosas

Só o fato de um produto ser oferecido como um "grande negócio", uma "barbada" ou uma "moleza" já é motivo para que o investidor fique com a pulga atrás da orelha, alerta Rocha, da FIA.

"Normalmente, opções muito atraentes, com grandes promessas de ganho ou promissoras demais, são motivo de desconfiança. O investidor deve pedir garantias", aconselha Carvajal.

Acreditar em margens de retorno extraordinárias é um erro que, muitas vezes, é levado adiante por conta da própria ambição do investidor. Apostar em ganhos muito acima da média, porém, pode levar a perdas e ao envolvimento em esquemas ilegais, como os de pirâmides financeiras.

  • Conheça o mercado financeiro

Os primeiros clientes da corretora de Belfort eram pessoas humildes, como lixeiros e encanadores, sem um conhecimento mínimo do mercado financeiro. Alguns esperavam ganhar dinheiro suficiente para quitar mais cedo a hipoteca da casa, e acabaram perdendo todas as economias.

Um conhecimento básico de finanças é, portanto, fundamental para qualquer pessoa que queira se arriscar no mercado, diz Carvajal, da FIAP.

É preciso ter alguma noção do funcionamento do mercado financeiro e da Bolsa, saber que quem compra ações está pagando, na verdade, por "partes" de uma empresa, e ter consciência de que, se o papel não se valorizar, o investidor pode não ter retorno ou até ter algum prejuízo.