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BC deixa juros em 11% ao ano e interrompe série de nove altas seguidas

Do UOL, em São Paulo

28/05/2014 21h02Atualizada em 29/05/2014 19h52

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 11% ao ano. A decisão foi unânime e interrompe uma série de nove altas seguidas. A taxa estava subindo desde abril de 2013. Até então, estava em 7,25% (a menor desde o início da série histórica da Selic, em 1986). Naquele mês, subiu para 7,5%.

Em comunicado, o Copom informou que "avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 11% ao ano, sem viés".

A manutenção era esperada pela maioria dos economistas consultados pelo BC no relatório semanal Focus.

A avaliação é de que o BC espera já ter feito o suficiente para controlar a inflação. A Selic é usada para tentar controlar a inflação. Em tese, com juros altos, pessoas e empresas fazem menos dívidas e consomem menos, o que segura a alta de preços.

Segundo alguns economistas, no entanto, interromper o ciclo de altas dos juros agora, quando a inflação ainda está alta, pode arranhar a credibilidade do BC e forçar novos aumentos da Selic em menos de um ano.

A poupança continua rendendo com seu potencial máximo. Uma nova regra de 2012 estabelece que ela renda menos quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5% ao ano. Nesse caso, a poupança daria 70% da Selic mais a TR. Como está acima disso, o rendimento é o tradicional: 6,17% ao ano mais a TR.

Taxa de juros é ferramenta para tentar combater inflação

A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a economia. Analistas já esperavam uma alta da taxa de juros para combater a alta de preços, que tem preocupado o governo. A inflação oficial foi de 0,67% em abril.

Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.

Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais alto. Essa situação deixa a economia com menos força. O lado bom é que investimentos baseados em juros são beneficiados e rendem mais para o aplicador.

Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria consegue produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.

A taxa básica de juros orienta o restante da economia, mas há pouco impacto na vida prática de quem precisa usar o cheque especial ou cartão de crédito. Analistas dizem que essas taxas são tão altas que pequenas variações na Selic são incapazes de aliviar ou pesar no bolso no dia a dia.

Entenda o Copom

O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.

As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias em Brasília.

O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania.

(Com Reuters)