Biocombustível de aviação pode ser de cana, soja e óleo de cozinha usado
Cana-de-açúcar, soja, óleo de cozinha usado, óleo de camelina (um tipo de flor) e macaúba (um tipo de palmeira). Essas são algumas das matérias-primas que vêm sendo testadas na produção do biocombustível de aviação pelo mundo.
Antonini Puppin-Macedo, diretor de operações e coordenação de pesquisa da Boeing, costuma dizer que o biocombustível é "agnóstico". Ou seja: ele pode ser produzido a partir de vários tipos de biomassa.
Isso permite a escolha da matéria-prima de acordo com a região de produção. A Boeing, por exemplo, desenvolve projetos com cana-de-açúcar em São Paulo, enquanto trabalha com macaúba em Minas Gerais e com soja no Rio Grande do Sul.
Essa tem sido, também, a estratégia da Airbus. "Nossas atividades se baseiam em estabelecer as soluções locais mais adequadas para as comunidades ao redor do mundo. Entre as diferentes matérias-primas que já foram aproveitadas, estão o óleo alimentar usado, óleos vegetais (por exemplo, de camelina) e açúcares", diz Frédéric Eychenne, gerente do programa de novas energias da empresa.
Segundo ele, a Airbus, que tem frentes de trabalho na Austrália, no Brasil, no Oriente Médio, na Romênia, na China e na Espanha, tem se reunido com agricultores locais e refinarias para analisar as melhores opções e tentar uma redução de custos.
O uso de matérias-primas diferentes é interessante, ainda, porque permite que um avião saia de um país com um tipo de biocombustível e seja abastecido com outra variedade ao chegar ao seu destino.
Um avião não pode ser totalmente abastecido com biocombustível. É preciso, sempre, que uma parte do combustível seja de querosene de aviação. As proporções de cada um variam conforme a matéria-prima. O uso do combustível alternativo não requer adaptação prévia do motor.
No Brasil, a primeira rota fixa com uso de biocombustível deve ser realizada pela Gol entre Fernando de Noronha e Recife (PE) com um produto feito à base de cana. O abastecimento é feito com 10% de biocombustível e 90% de querosene.
A expectativa das empresas do setor é que o Brasil tome a frente de outros países com relação ao uso mais amplo das alternativas menos poluentes na aviação.
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