Prejuízo com preços controlados sobe 55% e Petrobras busca alta da gasolina
A conta da área de abastecimento da Petrobras não fechou novamente e, desta vez, o rombo foi 55% maior que um ano atrás. O motivo: a empresa compra petróleo e derivados do exterior e revende-os no Brasil por um preço mais baixo, controlado pelo governo, sócio majoritário da empresa.
O governo faz isso na tentativa de conter a inflação no país, mas essa diferença afeta as contas da estatal.
No segundo trimestre deste ano, a petroleira teve prejuízo líquido de R$ 3,883 bilhões na área de abastecimento, alta de 55% em relação ao prejuízo registrado no mesmo período de 2013 (- R$ 2,509 bilhões). Já na comparação com o primeiro trimestre deste ano (- R$ 4,808 bilhões), o prejuízo do setor diminuiu 19,24%, graças a uma queda do dólar em relação ao real.
No comunicado que acompanha o balanço, a presidente da petroleira, Graça Foster, afirmou que a empresa busca um aumento no preço da gasolina. Ela diz que a Petrobras busca "convergência" dos preços dos combustíveis no Brasil com os valores internacionais para que a empresa consiga acertar suas contas.
"Encerro esta carta aos nossos investidores e acionistas reafirmando que o crescimento da produção de petróleo, gás natural e derivados, especialmente diesel e gasolina, já é uma realidade em nosso dia a dia. Assim, em paralelo aos aumentos de produção e redução de custos, buscamos a convergência dos preços de derivados no Brasil com os preços internacionais, de tal forma a tornar factível o atendimento dos indicadores financeiros, endividamento líquido/Ebitda e alavancagem, nos limites e prazos impostos à Diretoria Colegiada pelo Conselho de Administração em novembro de 2013", escreveu a executiva.
A política de reajustes dos combustíveis tem sido motivo de atritos entre Graça Foster e a equipe da presidente Dilma Rousseff.
Último reajuste foi em novembro; Mantega indica nova alta neste ano
O último ajuste de preço dos combustíveis foi em 30 de novembro do ano passado, quando a Petrobras anunciou aumento médio de 4% na gasolina e de 8% no diesel, nas refinarias (nas bombas, diretamente para o consumidor, o reajuste podia ser outro).
Na época, especialistas calcularam que a alta da gasolina ao consumidor final seria de cerca de 3%.
Nesta semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu a entender que um novo reajuste deve acontecer ainda em 2014.
"Todos os anos tem correção do preço da gasolina. Uns mais, outros menos, todos os anos têm correção. Não houve nenhum ano em que que não teve aumento da gasolina. Essa é a regra", afirmou o ministro em entrevista à agência de notícias Reuters.
"Quando ocorrerá o aumento, essa é decisão que mexe com o mercado, com ações, não se comenta. É questão das empresas responsáveis", afirmou o ministro, que também é presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
Metodologia para reajuste dos combustíveis foi proposta em outubro
Em outubro, a Petrobras tinha pedido ao seu Conselho de Administração uma nova política de preços, que previa reajustes automáticos e periódicos de combustíveis, conforme a necessidade de alinhamento com os valores praticados no mercado internacional.
A fórmula desagradou a presidente Dilma Rousseff porque poderia aumentar a inflação e criar um mecanismo indesejável de indexação (aumentos automáticos sempre que uma determinada situação é atingida). A indexação foi um dos problemas para o país controlar a hiperinflação que existia até os anos 1990.
O Conselho da estatal, presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, aprovou a implementação de uma política de preços, mas não divulgou mais detalhes sobre essa nova proposta. Na época, a Petrobras divulgou aumento do preço da gasolina em 4% e do diesel em 8%.
Analistas criticaram a decisão, dizendo que a falta de clareza sobre os critérios mantém incertezas para o mercado, em um momento em que a empresa enfrenta defasagem dos preços domésticos na comparação com os internacionais.
(Com Reuters e Valor)
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