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Juros sobem pela 6ª vez e vão a 13,75%, mesmo nível de dezembro de 2008

Do UOL, em São Paulo

03/06/2015 20h14Atualizada em 03/06/2015 20h58

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, subiu a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 13,25% para 13,75% ao ano. São os maiores juros desde dezembro de 2008, quando a taxa também estava em 13,75% --valor que permaneceu em vigor de 11 de dezembro de 2008 até 21 de janeiro de 2009. 

É o sexto aumento seguido da Selic: houve altas também nas cinco reuniões anteriores do BC, em outubro (foi para 11,25%), dezembro (11,75%), janeiro (12,25%), março (12,75%) e abril (13,25%).

A decisão foi unânime e veio dentro do esperado pela maioria dos analistas consultados pela agência de notícias Reuters e pelo jornal "Valor Econômico".

No comunicado anunciando o resultado, o BC afirmou apenas que a decisão foi tomada "avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação", mesmo texto adotado desde janeiro. Isso pode indicar, segundo analistas, que o ciclo de alta dos juros ainda não terminou.

Juros X inflação

O novo governo de Dilma Rousseff (PT) vem adotando medidas impopulares, como aumento de impostos e juros, e cortes de despesas, com o objetivo de acertar as contas federais.

Uma das maiores críticas a Dilma tem sido a economia, incluindo a inflação em alta. Os juros são usados, entre outras coisas, para tentar controlar a inflação. O governo tenta ajustar suas contas para recuperar a confiança do mercado.

Selic é taxa de referência para juros ao consumidor

A Selic é uma taxa de referência para o mercado e remunera investimentos com títulos públicos, por exemplo. Não representa os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.

A taxa de juros do rotativo do cartão de crédito atingiu 347,5% ao ano e a taxa do cheque especial chegou a 226% ao ano em abril, segundo os últimos dados do Banco Central.

Juros para tentar segurar inflação

A inflação oficial em abril foi de 0,71%, a maior para o mês desde 2011. No acumulado de 12 meses, chegou a  8,17%, acima do limite da meta do governo.

A intenção do governo é manter a alta dos preços em 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo --ou seja, variando de 2,5% a 6,5%.

A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a economia.

Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.

Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais alto. Essa situação deixa a economia com menos força. O lado bom é que investimentos baseados em juros são beneficiados e rendem mais para o aplicador.

Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria consegue produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.

Além de inflação, o país teve um crescimento muito pequeno no primeiro trimestre de 2015. Segundo o IBGE, a economia brasileira, medida pelo PIB (Produto Interno Bruto), encolheu 0,2% entre janeiro e março.

Poupança continua rendendo igual

A poupança continua rendendo com seu potencial máximo. 

Uma nova regra de 2012 estabelece que ela renda menos quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5% ao ano. Nesse caso, a poupança daria 70% da Selic mais a TR. Como está acima disso, o rendimento é o tradicional: 6,17% ao ano mais a TR.

Entenda o Copom

O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.

As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias em Brasília.

O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania.

(Com Reuters)

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