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Agência vê mais risco de calote e tira nota de bom pagador do Brasil

Do UOL, em São Paulo

23/07/2015 15h48Atualizada em 23/07/2015 16h37

A agência de avaliação de risco brasileira Austin Rating cortou, nesta quinta-feira (23), a nota de crédito de longo prazo do Brasil em moeda estrangeira de "BBB-" para "BB+". Com isso, o país perdeu o chamado "grau de investimento" da Austin, ou seja, deixou de ser considerado um bom pagador, um lugar recomendável para os investidores aplicarem seu dinheiro.

O país ainda mantém o "grau de investimento" de acordo com as três principais agências de classificação de risco do mundo: Fitch, Moody's e Standard & Poor's. Porém, a Fitch já indicou que deve rever essa nota.

Segundo os critérios da Austin Rating, a nota no nível "BB" indica um país "vulnerável no curto prazo para honrar compromissos financeiros", com "risco médio" de calote.

Entre as razões para a decisão, a Austin citou a "acentuada e contínua piora dos resultados das contas públicas", a inflação "muito acima do limite superior determinado no sistema de metas para inflação, que é de 6,5%" e também uma "forte deterioração do mercado de trabalho (crescente cortes de postos de trabalho e queda da renda)".

A agência afirma, ainda, que a economia brasileira deve encolher neste ano e ter "desempenho quase nulo" em 2016. Com isso, diz, o país deve crescer a uma taxa média de 0,97% no período entre 2015 e 2019, nível "muito inferior ao PIB potencial do país, estimado em 3,5%".

Governo piorou suas projeções na véspera

A decisão da Austin Rating foi tomada um dia após o governo divulgar uma piora em suas projeções para a economia.

Ontem, os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) anunciaram uma redução na meta de economia para este ano: de 1,1% para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB).

Também foi anunciado um corte adicional de R$ 8,6 bilhões no Orçamento --em maio, o governo já tinha anunciado um corte de R$ 70 bilhões.

Além disso, o governo subiu sua projeção para a inflação em 2015: de 8,26% para 9%. E piorou a previsão de encolhimento da economia neste ano: de 1,2% para 1,49%.

Avaliação de agências indica risco de calote aos investidores 

Um governo consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores. 

Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e o país tem de pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O país com mais confiança são os EUA.

O chamado grau de investimento indica aos investidores que uma economia tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país terão risco próximo a zero.

Cada agência de risco tem uma escala própria de avaliação. A nota "BBB-", pela S&P, indica que o país ainda está no chamado "grau de investimento", que recebeu da S&P em 2008.

Entenda como as agência fazem o cálculo da nota

O rating, ou classificação de risco, refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa ou um país.

Ele busca medir a probabilidade de calote de obrigações financeiras. O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado.

Do ponto de vista econômico, é bastante vantajoso, pois uma vez feito, pode ser utilizado para vários objetivos e por diversas instituições. Com a globalização, o rating se apresenta como uma linguagem universal que aborda o grau de risco de qualquer título de dívida.

Agências de risco falharam na crise

As agências de classificação de risco, que dão notas para países, empresas e negócios, determinando sua suposta credibilidade financeira, foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009.

Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.

O rating, ou classificação de risco, refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa, um país, um título ou uma operação financeira.

Ele busca mensurar a probabilidade de calote de obrigações financeiras, ou seja, o não-pagamento, incluindo-se atrasos e ou falta efetiva do pagamento. O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado.

(Com Reuters)

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