BC prevê queda de 3,5% no PIB e inflação de 6,6% em 2016
O Banco Central calcula que a economia brasileira irá encolher 3,5% e a inflação chegará a 6,6% neste ano, de acordo com o relatório trimestral de inflação, divulgado nesta quinta-feira (31). A projeção é pior do que a divulgada no relatório anterior, em dezembro, quando o BC falava em encolhimento de 1,9% da economia e inflação de 6,2%.
Para o ano que vem, a projeção do BC é de que a inflação chegue a 4,9%, também pior do que a expectativa anterior, de 4,8%. O BC mostrou ainda que vê a inflação a 4,5% no primeiro trimestre de 2018.
Esta é a primeira vez que o Banco Central reconheceu que a inflação de 2016 vai estourar o teto da meta. Em 2016, o objetivo do governo é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo (na prática, variando entre 2,5% e 6,5%). Para 2017, a tolerância é de 1,5 ponto, com o teto da meta a 6%.
Quando a alta de preços supera o limite máximo, o presidente do Banco Central precisa escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando os motivos.
Ainda segundo estimativa do BC, o dólar deve fechar este ano em R$ 3,70, projeção menor que de dezembro, de R$ 3,90.
Juros
O Banco Central repetiu, em seu relatório, que não trabalha com a possibilidade de cortar a taxa básica de juros, hoje em 14,25% ao ano, apesar da forte retração econômica, e que fará o necessário para chegar ao seu intuito.
"(O BC) adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas", informou o relatório.
O BC informou ainda que as incertezas em relação ao cenário externo prosseguem, e novamente chamou a atenção para um processo de realinhamento de preços mais demorado e intenso que o previsto.
Relatório orienta decisões do BC
O Relatório de Inflação é publicado trimestralmente pelo Banco Central. Ele reúne indicadores da economia nacional e global, além de projeções para os próximos meses feitas pelo próprio BC e por analistas de mercado.
O objetivo do documento é identificar a tendência da inflação, para embasar as decisões do BC a respeito dos juros. A cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, se reúne para definir a taxa básica de juros (Selic), que serve de referência para outras taxas.
Em geral, juros altos são usados para controlar a inflação, porque deixam o crédito mais caro e levam as pessoas a consumir menos, forçando os preços a caírem. Por outro lado, juros altos dificultam o crescimento, principalmente num momento de crise e desemprego, como o que o Brasil enfrenta.
Projeções do mercado e do governo
Analistas de mercado consultados pelo BC em sua pesquisa semanal, o Boletim Focus, afirmam que o país deve fechar este ano com a economia encolhendo 3,66% e inflação de 7,31%.
O Ministério da Fazenda, por sua vez, estima que iremos fechar 2016 com retração de 3,1% e inflação a 7,44%, segundo anexo do projeto que propõe alteração da meta fiscal deste ano, enviado nesta segunda-feira (28) ao Congresso Nacional.
(Com Reuters)
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